Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio – Depois dos hospitais municipais do Rio de Janeiro, a crise atinge a rede estadual de saúde fluminense. Com seis grandes hospitais de emergência em greve há uma semana, cerca de cinco mil pessoas, que diariamente procuraram essas unidades, têm atendimento médico prejudicado.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, do Trabalho e da Previdência Social do Rio (Sindsprev/RJ), a situação do atendimento nesses hospitais é grave. "Só estamos atendendo, nessas unidades, casos de risco de morte. No Hospital Pedro II (zona oeste da cidade), por exemplo, normalmente atendemos cerca de mil pessoas por dia. No período de greve, estamos atendendo entre 60 e 90 pessoas por plantão", disse o diretor do Sindsprev/RJ, Gilberto Mesquita.
Os grevistas pedem o fim do uso de cooperativas de trabalhadores nos hospitais e a implantação de um plano de carreiras. Eles também exigem melhores condições de trabalho. "No Pedro II não temos contraste para o raio-X, a tomografia não tem chapa e temos quatro elevadores que funcionam precariamente. O caos não é de hoje. E ele só vai se agravar, se não houver um projeto das três esferas de governo para resolver o problema da saúde do Rio de Janeiro", afirmou Mesquita.
O presidente da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa do Rio, deputado Paulo Pinheiro (PT), também chama a atenção para a situação precária dos hospitais. "O maior problema não é a greve, mas a falta de médicos. Há uma carência de profissionais, principalmente médicos anestesistas, neurocirurgiões, ortopedistas e clínicos. A carência faz com que, por exemplo, nesses últimos dias, os hospitais de emergência estaduais tenham apenas um anestesista nos plantões, o que é muito grave", disse.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, os equipamentos da rede estadual têm contrato de manutenção, e não há falta de materiais para essas unidades. A Secretaria diz ainda que não faltam clínicos, mas confirma carência de neurocirurgiões, ortopedistas e anestesistas nesses hospitais.
A assessoria da Secretaria de Saúde informou que, nesta semana, começarão reuniões para se discutir o problema da falta de médicos nessas três especialidades. Hoje, a governadora do estado, Rosinha Matheus, autorizou a convocação de 2.667 profissionais de saúde, aprovados no último concurso público, para suprir a carência de pessoal nos hospitais estaduais.
A greve na rede estadual atinge os hospitais de Saracuruna, Getúlio Vargas, Carlos Chagas, Pedro II, Rocha Faria e Albert Schweitzer. Algumas unidades do Instituto de Assistência aos Servidores do Estado e o Hospital Santa Maria – especializado em tuberculose – devem aderir à greve amanhã.