Na Bolívia, protestos devem seguir até nacionalização do gás, acredita professor da UnB

08/06/2005 - 19h10

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil

Brasília – "A nacionalização é possível. Basta um governo firme e consolidado que tome essa decisão", acredita o professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Amado Luís Cervo. Ele refere-se à principal reivindicação das manifestações ocorridas na Bolívia: retomar o controle das reservas de gás do país. Esta semana, os protestos culminaram na renúncia do presidente Carlos Mesa.

Os movimentos indígenas e sindicais não se contentaram com a Lei de Hidrocarbonetos, que aumenta impostos sobre empresas estrangeiras (entre elas a Petrobras) que exploram as reservas bolivianas. Segundo o professor, as manifestações pela nacionalização da exploração de hidrocarbonetos na Bolívia – principal eixo da crise – é um ato de soberania do povo boliviano.

"O governo não está conseguindo gerenciar o descontentamento dos segmentos da sociedade, que é muito pobre, com muitas aspirações frustradas", diz Amado. "Nos últimos anos, vários seguimentos não conseguiram encontrar soluções para os problemas, como camponeses, índios e dos os próprios operários".

Para Amado, a crise de governabilidade enfrentada atualmente pelo Brasil tem natureza diferente da boliviana. "Aqui não há sociedade organizada batendo em cima do governo, o que há é uma crise que vem de cima para baixo, do governo para baixo".