Flávio Dieguez
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Um estudo como nunca se fez antes no país, apresentado há pouco no Palácio do Planalto, verificou que está nascendo um novo tipo de empresa no Brasil. "Detectamos a emergência de um segmento empresarial que está em expansão e está na raiz do crescimento recente das exportações", Glauco Arbix, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o IPEA.
Arbix disse que o objetivo do estudo, feito pelo IPEA, é ajudar "a indústria brasileira a alcançar um patamar superior". É uma mudança de qualidade que pode aumentar a participação do Brasil no comércio internacional.
É o que já está fazendo esse novo grupo de empresas identificado pelo estudo. São companhias que investem bastante em pesquisa tecnológica, buscando novidades, ou inovações, que aumentam o valor dos seus produtos. Tanto que elas faturam alto: cinco vezes mais que as empresas tradicionais. Esse grupo de empresas ainda é pequeno: menos de 2% do total de 72 000 empresas estudadas pelo Ipea. Mesmo assim, embolsam um em cada quatro reais faturados pelo conjunto de 72 000 empresas.
O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, elogiou o trabalho do Ipea. Durante a apresentação do estudo, Furlan disse que é preciso somar as informações do estudo à vontade de inovar. "Como dizem os argentinos, é preciso ter ganas", disse ele, usando a palavra espanhola que significa "vontade".
O ministro fez menção ao jogo de hoje entre Brasil e Argentina e disse que os empresários brasileiros, especialmente os pequenos, devem procurar competir com produtos de valor mais alto, que rendem mais. "E isso não vale apenas para a exportação", lembrou Furlan. Vale também para lançar produtos que vão ser consumidos aqui mesmo, no Brasil, disse ele.
O estudo do IPEA foi realizado pelos pesquisadores Mário Salerno e João Alberto De Negri. Eles afirmam que tiveram valiosa colaboração do IBGE e do Banco Central. Os resultados do estudo estão apresentados no livro "Inovações, padrões tecnológicos e desempenho das firmas industriais brasileiras".