Cecilia Jorge
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil possui 160 mil quilômetros de ruas e estradas asfaltadas e cerca de 35 milhões de veículos. Segundo o coordenador do Instituto de Pesquisas Rodoviárias (IPR), Chequer Jabour Chequer, dos 57 mil quilômetros que são responsabilidade do governo federal, 46,4% estão em péssimo estado. "O transporte de carga no Brasil mudou muito. Às vezes, você tem caminhões trafegando com excessos de carga, o que deteriora precocemente o pavimento", afirmou o coordenador do instituto vinculado ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT).
Segundo Chequer, algumas pontes e viadutos foram projetados para cargas de até 36 toneladas. "Hoje, para se ter uma idéia, existem carretas que transportam 57 a 74 toneladas", disse o coordenador, em entrevista à Rádio Nacional AM. Chequer explicou que o peso dessas cargas é distribuído no eixo dos caminhões conforme determina a lei da balança, mas que o governo deve redefinir o plano diretor de balanças para melhorar as condições das rodovias.
Para discutir soluções e alternativas de tecnologia do setor de pavimentação, o DNIT promove nesta quarta (8) e quinta-feira o Simpósio Brasileiro de Pavimentação. O evento, que acontece no auditório do DNIT, em Brasília, reunirá especialistas de todo o país e está sendo promovido em parceria com a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfalto (Abeda).
Uma das questões discutidas no evento trata dos investimentos no setor, considerado uma das principais causas do problema. A vida útil das estradas brasileiras é de 10 anos. Para manter todos os trechos em bom estado de conservação, segundo o DNIT, seriam necessários investimentos de R$ 3 bilhões por ano. No entanto, de 1997 a 2003, foram empregados apenas R$ 2,1 bilhões, sendo boa parte para o pagamento de dívidas de anos anteriores. Para este ano, o orçamento prevê investimentos de R$ 6,8 bilhões para as rodovias.
"Você bem sabe que nenhum governo tem uma massa de recurso para resolver todos os problemas seja em que área for", afirmou Chequer. Segundo ele, o importante é que o governo federal está empenhado em estabelecer um planejamento de curto e médio prazos de investimento em recuperação das estradas para assegurar aos usuários níveis mínimos de conforto e segurança.