Denúncias mostram que base aliada precisa repensar política de alianças, diz dirigente do PT

08/06/2005 - 18h56

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - A política de alianças do Partido dos Trabalhadores (PT) e a política econômica do governo devem ser repensadas, diante da crise política desencadeada pelas denúncias do presidente do PTB, Roberto Jefferson, na avaliação de Valter Pomar, 3º vice-presidente e subsecretário de relações com os partidos políticos do PT. "Na origem desta crise temos uma acusação mentirosa feita por alguém que é presidente de um partido da base aliada. Isso já revela que esta base aliada tem problemas e precisa ser repensada", afirmou Pomar, após reunião da Executiva Nacional do PT, nesta quarta-feira, em São Paulo.

Segundo Pomar, a política de alianças é um tema divergente dentro das correntes que existem dentro do PT. O dirigente do partido destacou que o assunto vem sendo discutido "há muito tempo" e entrará em pauta na reunião do Diretório Nacional, marcada para os dias 18 e 19 deste mês, e no processo de eleição da direção partidária. "Este é um debate estratégico", destacou.

Pomar lembrou que parte do PT optou por compor uma base ampla de alianças, uma vez que o governo Lula foi eleito com minoria do Congresso. "Na minha opinião temos que adotar uma política de alianças exclusivamente programática, com partidos que tenham identidade com o programa do governo", afirmou. Na sua avaliação, as alianças feitas não estão sequer garantindo apoio a questões de interesse do governo. "Temos o ônus de ter estes partidos na base de apoio e não temos o bônus de ter a aprovação de projetos coincidentes com o programa de nosso governo", avaliou. "Perdemos a eleição da presidência da Câmara. Portanto, o governo precisa se adequar à situação real. Hoje a gente não tem maioria, mas paga pelos erros cometidos por partidos que supostamente fazem parte da base de apoio", reiterou Pomar.

O dirigente do PT também enfatizou que não é necessário ter, no governo, representantes de todos os partidos da base aliada. "É preferível ter um governo mais sólido e consistente do ponto de vista programático do que ter uma base de apoio muito ampla, aparentemente majoritária mas que não vem se mostrando maioria."