Campanha quer mais investimentos para combater doenças negligenciadas

08/06/2005 - 12h52

Norma Nery
Repórter da Agência Brasil

Rio - Estimular investimentos públicos para combater as chamadas doenças negligenciadas é o principal objetivo da campanha internacional lançada hoje, no Rio de Janeiro, Londres e cidades da África e da Ásia, pela Iniciativa de Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi). A organização não-governamental, sem fins lucrativos, é formada por entidades e institutos públicos de pesquisa, como a Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Pasteur da França.

As doenças negligenciadas são chamadas assim por não serem alvo de investimentos do setor privado nem do poder público, são enfermidades para as quais inexistem tratamentos ou as terapias são inadequadas. As principais doenças nessa categoria são mal de Chagas, leishmaniose, doença do sono, malária, tuberculose.

Segundo o coordenador da DNDi para a América Latina, Michel Lotrowska, a campanha não é exclusivamente promovida pela ONG, mas reúne várias parcerias e tem o objetivo de responsabilizar e estimular os governos a investir no desenvolvimento de vacinas, medicamentos e diagnósticos que ajudem no controle dessas doenças, típicas de países pobres, e de outras como a aids, malária e a tuberculose.

Lotrowska revelou que cerca de 35 mil pessoas morrem por dia de doenças que a grande indústria farmacêutica negligencia porque ocorrem em áreas consideradas mercados menos lucrativos. Além disso, dos 1.393 medicamentos desenvolvidos entre 1975 e 1999, apenas 1% foi para tratar doenças tropicais e tuberculose. "Falta pesquisa para adaptar os recursos existentes para mercados mais ricos às estruturas de países mais pobres. O que hoje se inventa para a aids não é adequado aos países em desenvolvimento, sobretudo, os mais pobres. Tudo é feito se pensando em estrutura de primeiro mundo".

A campanha vai durar um ano, mas será intensificada durante um mês para o recolhimento de assinaturas, através do site da ONG na Internet, de uma Petição Pública Internacional que será entregue aos governos dos países desenvolvidos, em desenvolvimento e aos organismos internacionais. A petição será entregue durante a reunião dos países do G-8, na Escócia, e já conta com 15 assinaturas de pessoas premiadas pelo Nobel. No Brasil, o primeiro a assinar o documento foi o cantor Ney MatoGrosso.

O lançamento da campanha foi no Hotel Novo Mundo, na Praia do Flamengo, e contou com a presença de representantes da DNDi, da Fiocruz, da ONG Médicos Sem Fronteias e de pacientes de doenças tropicais. O Rio sedia a coordenação da DNDi para a América Latina.