Brasil quer criar novas oportunidades de negócios com a República Dominicana

05/06/2005 - 9h30

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil

Fort Lauderdale (EUA) - Depois de sua estada em Fort Lauderdale (Flórida) hoje (5) e amanhã (6), o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, segue viagem para Santo Domingo, capital da República Dominicana. No dia 7, o chanceler brasileiro deve se reunir com o presidente dominicano, Leonel Fernandes.

Um grupo de empresários brasileiros dos setores público e privado também estará em Santo Domingo para uma série de contatos com empresários e representantes do governo dominicano. O objetivo é criar novas oportunidades de negócio naquele país e ampliar a cooperação técnica bilateral nas áreas cultural e educacional.

A República Dominicana é hoje um mercado importante de destino dos produtos e serviços brasileiros. A presença de empresas brasileiras na região também é significativa. "Lá, há várias obras que estão sendo tocadas e novos projetos que empresários brasileiros estão interessados em desenvolver", revelou o chefe da Divisão do México, América Central e Caribe do Itamaraty, conselheiro Igor Kipman.

Atualmente, o interesse maior do Brasil na República Dominicana é investir no setor de energia, revelou Kipman. O governo brasileiro tem interesse de levar a sua tecnologia de produção de álcool e etanol para os países dominicanos, já que são grandes produtores da cana de açúcar, assim como o Brasil. Ao produzir o etanol, os países da República poderão utilizá-lo para consumo interno e até exportá-lo para grandes potências, como Estados Unidos, Europa e Japão. "Este será um dos assuntos prioritários da pauta nesta viagem", revelou o conselheiro.

O emprego do etanol como aditivo à gasolina permitirá aos países, principalmente os desenvolvidos, alcançar a redução de emissão de gases, questão acordada no Protocolo de Quioto, e diversificar sua matriz energética. O etanol ou álcool etílico pode ser obtido por meio da fermentação dos açúcares.

Incentivar a produção do biodiesel nos países dominicanos também faz parte das intenções do governo brasileiro, anunciou Igor Kipman. O biodiesel é um combustível renovável produzido com base em oleaginosas, como mamona, soja, dendê e girassol. O óleo vegetal é extraído dessas plantas por esmagamento e, em seguida, posto a reagir quimicamente com álcool, metanol ou etanol, na presença de um catalisador. "A República Dominicana tem muitas possibilidades de cultivar outras culturas além da cana para poder trabalhar com o biodiesel", disse.

Mesmo interessado em intensificar os investimentos na República Dominicana, o governo brasileiro também está atento às formas de reduzir o desequilíbrio da balança comercial entre os dois países. O Brasil, há muito anos, tem vendido mais para os dominicanos do que eles para nós. "Uma maneira de corrigir esse desequilíbrio, sugeriu Kipman, seria incentivar o turismo de brasileiros para lá, com a criação de linhas aéreas diretas. "O desequilíbrio na balança entre os dois países pode ser compensado com a ida de turistas brasileiros para a República. Isso implica, evidentemente, no estabelecimento de uma linha aérea direta, e já estamos trabalhando para isso", contou.

Os brasileiros exportam para a República Dominicana desde bens de consumo e matérias primas até bens de capital. Como aquele país é grande produtor de açúcar, cacau e café, produtos também produzidos em larga escala pelo Brasil, não há interesse em comprá-los. Os principais parceiros comerciais dos dominicanos são os Estados Unidos, o México, o Japão e a Bélgica.

Desta vez, durante a visita do ministro Celso Amorim e empresários brasileiros a Santo Domingo, não devem ser firmados novos acordos bilaterais. Mas discutir a atualização do Acordo de Cooperação Técnica Científica e Tecnológica, firmado em 1988, será um dos assuntos principais da pauta. "Brasil e República Dominicana têm inúmeros acordos assinados. O mais importante é o de cooperação técnica, que vem apresentando problemas graves de implementação, pois prevê que qualquer ajuste complementar deve ser aprovado pelo Congresso Nacional, o que retarda a execução de qualquer atividade ao seu amparo. Ele precisa ser atualizado para ser mais ágil e surtir efeitos", sugeriu Kipman.