Irene Lôbo e Lana Cristina
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) descartou ontem (28) a participação do diretor acadêmico do Centro de Seleção e Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB), Mauro Luiz Rabelo, no esquema de fraude em concursos públicos após a acareação de Rabelo com Carlimi Argenta de Oliveira, que está presa por suspeita de envolvimento na quadrilha. "Não ficou comprovada a participação do Mauro. Ele foi citado pela Carlimi", disse o diretor da Polícia Civil, Laerte Bessa.
O reitor da UnB, Lauro Morhy, criticou a forma como a polícia agiu para obter o depoimento de Rabelo. Segundo ele, agentes interceptaram, às 23h30 de sexta-feira (27), seu carro na saída da universidade, após uma reunião. Morhy relatou que o diretor acadêmico foi convidado a entrar no carro da polícia, que seguiu para a Divisão de Repressão ao Crime Organizado (Deco). Lá os advogados da UnB acompanharam o depoimento de Rabelo, que se estendeu até a madrugada de sábado.
Pela manhã, o diretor do Cespe foi colocado frente a frente com Carlimi. Ela havia dito em seu primeiro depoimento, na madrugada de quinta-feira, que o diretor do Cespe era a pessoa que entregava a ela as provas dos concursos fraudados, e que eles mantinham um relacionamento amoroso. Na acareação, Carlimi desmentiu a participação do professor no esquema de fraudes. Ela disse que mentiu para proteger o marido, Fernando Leonardo Araújo de Oliveira, ex-funcionário da gráfica do Cespe, demitido em 2003. Fernando também está preso por suposta participação no esquema.
O marido de Carlimi foi ouvido pela polícia na tarde de ontem e, segundo o delegado da Divisão de Operações Especiais, Celso Ferro, também teria citado o nome de Mauro Rabelo. Fernando Oliveira foi contratado em 2001 pelo Cespe para trabalhar na gráfica da instituição. "Ele saiu do Cespe porque não se integrava à equipe", disse a diretora-geral do Cespe, Romilda Macarini.
O nome de Fernando foi levado à Polícia Civil durante a semana pelo procurador-geral da UnB, José Weber Holanda. O reitor da UnB disse que o procedimento foi adotado porque o ex-funcionário tinha um comportamento estranho. "Não estamos dizendo que ele é culpado, apenas achamos que merecia investigação, destacou Morhy.
As investigações sobre a máfia dos concursos, chamada de Operação Galileu, foram iniciadas em novembro do ano passado e culminaram com a prisão dos primeiros suspeitos no concurso para agente penitenciário federal no último domingo (22). Até agora, a polícia cumpriu 85 mandados de prisão, dos 107 expedidos pela justiça. Segundo Bessa, 16 candidatos que tiveram acesso ao gabarito da prova já foram liberados.