Falta de moradia no campo leva jovens agricultores a procurar a cidade, diz sindicalista

27/05/2005 - 12h41

Brasília, 27/5/2005 (Agência Brasil - ABr) - O coordenador-geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf/Sul), Altemir Tortelli, afirmou hoje que a falta de moradia no campo é um dos motivos que levam o jovem agricultor a ir para a cidade procurar outras formas de renda, emprego e trabalho. Segundo ele, por não ter crédito para construir sua casa na propriedade, o jovem acaba deixando o campo. "A casa é um motivador para a juventude permanecer junto com a família na propriedade", disse.

Ao participar do 1º Encontro de Habitação da Agricultura Familiar, na comunidade de Fernando Machado, em Santa Catarina, Tortelli ressaltou a importância do Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Rural (PSH Rural) para combater o problema do déficit de moradias na zona rural, que hoje está em torno de 1,7 milhão. Ele disse que o programa dá aos agricultores acesso à moradia com subsídios do governo, mas também por meio de suas próprias organizações. "Até bem pouco tempo atrás, só tinham dinheiro para casa os porcos, as galinhas, as vacas, e nós, as famílias, não tínhamos direito à uma casa digna para morar", afirmou.

De acordo com Tortelli, para combater o déficit de moradias no campo, é preciso expandir esse tipo de programa para todo o Brasil. Ele lembrou que existe um conjunto de deficiências contra as quais os agricultores lutam há muitos anos. Para ele, os problemas mais graves são o acesso ao crédito, o seguro da agricultura familiar, a debilidade na questão da assistência técnica e a educação no campo, onde o ensino não é o mesmo que é colocado à disposição dos alunos da cidade. "Isso motiva muitos jovens a abandonar o meio rural", acrescentou.

Tortelli destacou que, depois de muita luta, os trabalhadores rurais tiveram uma conquista importante em termos de acesso ao crédito, que é o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). "Esse programa especial de crédito é fundamental para fazer a safra, mas também serve para investir na propriedade", disse ele. Tortelli destacou ainda o seguro da agricultura familiar, lembrando que, nos últimos 10 anos, o Sul do país enfrentou muita seca e muitas geadas. E o governo compreendeu esse problema, implementando o seguro da agricultura familiar na última safra, disse ele.

Para Tortelli, na questão da assistência técnica, também houve avanços. "Agora, nós estamos aperfeiçoando essa política de assistência técnica para que, de fato, o agricultor tenha acompanhamento e assessoramento quando vai pegar o crédito ou investir em alguma coisa para ter segurança de que o investimento dê resultado", afirmou.

Quanto à educação no campo, Altemir Tortelli disse que os representantes da agricultura familiar já estão discutindo a questão com o governo. "Para que a educação seja de fato um motivador da juventude, no sentido de que o jovem continue a ser agricultor", explicou.