Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Vizinhos do agricultor assassinado em Santarém, no Pará, Raimundo Moraes Pinheiro, vão prestar amanhã (25) depoimento na delegacia de Belterra, a mais próxima do local do crime –que aconteceu na altura do km 108 da rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém). Segundo o escrivão responsável pela delegacia de Belterra, Djalma Pereira, Raimundo não foi encontrado morto na última sexta-feira (20), como havia sido divulgado pela imprensa. "O Raimundo foi morto na segunda-feira, dia 16. Ele saiu para caçar às 9h com a esposa. Levava apenas um facão. Ela retornou sozinha para casa por volta das 10h. No caminho, ouviu tiros de espingarda, mas achou que fosse de outro caçador".
Segundo Djalma, Raimundo não retornou para casa. No dia seguinte, a esposa e alguns amigos o procuraram pelas matas. Na quarta-feira, o corpo foi encontrado a uma distância de duas horas e meia de caminhada da sua casa – localizada no chamado Ramal do Fundiário, uma estrada vicinal que fica na altura do km 108 da BR-163. "Quando fomos comunicados do crime já estava anoitecendo. Então só na quinta-feira conseguimos ir com o IML [Instituto Médico Legal] retirar o corpo da mata", diz o escrivão. Ainda segundo Djalma, Raimundo tinha uma marca de tiro no rosto, e não no peito. A polícia trabalha com a hipótese de crime por encomenda, uma vez que, segundo denunciou a esposa de Raimundo, o agricultor estava sofrendo ameaças de morte por parte de grileiros.
A versão preliminar do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável para Área de Influência da Rodovia BR-163, elaborado pelo governo federal, alerta para o risco do avanço descontrolado da soja na região de Santarém. A área que sofrerá os impactos da pavimentação da rodovia tem 1,23 milhões de quilômetros quadrados e foi dividida em três mesorregiões. Santarém pertence à mesorregião Norte, a que possui ocupação mais antiga - com cidades originárias do período colonial e uma colonização iniciada na década de 70, no setor da BR-230 (rodovia Transamazônica).