Retomada do setor naval se dará com encomenda da Transpetro, diz coordenador

24/05/2005 - 8h43

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - O coordenados dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Segen Estefen, disse hoje que embora existam armadores privados interessados em fabricar no Brasil, a retomada do setor naval vai se dar agora com a encomenda de 22 navios da Transpetro, subsidiária da Petrobras, avaliada em U$ 1,9 bilhão. Os estaleiros já estão sendo definidos.

"Esses 22 navios vão servir para possibilitar o recomeço da construção de navios de grande porte no Brasil", disse o especialista. Acrescentou que a sustentação desse processo vai depender do grau de avanço tecnológico que será possível colocar nos estaleiros.

Hoje, a Coordenação dos Programas de Pós-Graduação da UFRJ inaugura, durante o seminário internacional Construção Naval: Tecnologia e Gestão, no Rio, seu 1º Núcleo de Tecnologia de Construção Naval. O objetivo é apoiar a indústria nacional no desenvolvimento de técnicas e processos avançados ligados ao setor.

A Venezuela já manifestou interesse na construção de outros 37 navios no Brasil, informou Estefen. Para ele, se houver uma retomada em bases tecnológicas fortes e se o país conseguir, a partir da encomenda da Transpetro, ter novas encomendas em carteira para os estaleiros, "isso vai criar as condições para o Brasil se inserir de novo no mercado internacional de fornecimento de navios. E aí é que vai disparar o processo de atrair empresas fornecedoras, aumentar o conteúdo nacional e podermos gerar empregos mais qualificados nesse setor".

Essa retomada da construção naval abrirá oportunidade também de crescimento para as empresas periféricas, que são as supridoras dos setores de embarcações e petróleo, admitiu Segen Estefen. Estudo da Coppe identifica uma demanda por equipamentos marítimos e máquinas para a indústria naval brasileira, nos próximos cinco anos, de U$ 1,34 bilhão. O professor da Coppe lembrou que parte dessa demanda não pode ser atendida por fornecedores locais.

As áreas de motores de grande porte, de sistemas avançados de propulsão e sistemas eletrônicos de navegação continuarão, como ocorre hoje no mundo, sendo atendidas por poucos fabricantes. "Não podemos nos iludir que o Brasil, da noite para o dia, vai conseguir transpor um abismo de 15 anos sem fabricar navios de transporte. O Brasil vai ter que começar a fazer, agregando tecnologia a seus estaleiros, de forma que a médio prazo haja uma carteira interessante de encomendas, para que essas grandes empresas que fazem motores de grande porte, equipamentos de navegação e bombas mais sofisticadas tenham interesse de se instalar no país".