Paulo Montoia
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O estado de São Paulo já chegou a responder por 36,8% dos homicídios do Brasil, em 1999, e esse percentual caiu para 27,3% em 2003, segundo o relatório Mapa da Violência de São Paulo, divulgado hoje pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). De 1993 a 2003, foram cometidos no estado 145.266 homicídios. As principais vítimas são os jovens entre 15 e 24 anos de idade.
Os dados do estudo referentes a homicídios, acidentes de transportes e suicídios, para o período de 1993 a 2003, são do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Também foram utilizados os dados relativos a diversos tipos de crimes violentos para os anos de 2001 a 2004, dos boletins de ocorrência policial da Secretaria de Segurança Pública estadual. Em 1993 foram registrados no Brasil 30.586 homicídios, dos quais 9.219 no estado de São Paulo (30,1%). Os totais crescem gradualmente e a participação de São Paulo aumenta até 1999, quando são registrados 42.914 homicídios no país, dos quais 15.810 em São Paulo (36,8%). A partir desse ano, os dados nacionais continuam a crescer, mas a participação de São Paulo diminui.
Em 2003, os registros do SIM indicam 241.488 mortes no estado de São Paulo, das quais 10.094 (4,2%) por armas de fogo. Deste total, 9.564 (94,8%) foram homicídios e o restante se dividiu em suicídios (2,4%), acidentes (0,1%) e causas indeterminadas (2,7%).
O representante da Unesco, Jorge Wertheim, destacou o impacto das armas de fogo na morte dos jovens. Em 2003, morreram 11.298 jovens no estado, dos quais 40,1% (4.533) foram vítimas de armas de fogo. Em 1988, a porcentagem de jovens mortos por armas de fogo era de 23,4% e pulou para 36,7% em 2000. "No mundo, a população jovem é sempre a mais vulnerável, é a que está mais desprotegida, é a população que em geral não está sendo incluída. Em alguns países, como os europeus e em especial os nórdicos, essa população está mais protegida", disse Werthein, que também pediu a continuidade da ação conjunta dos governos com a sociedade civil.