Prefeito de Aracaju diz que revitalização do rio São Francisco deve vir antes da transposição

04/05/2005 - 17h19

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O prefeito reeleito de Aracaju (SE), Marcelo Déda (PT), defendeu que a revitalização do rio São Francisco deve ser feita antes do processo de interligação das bacias. Déda cobrou a apresentação de uma meta e um cronograma de intervenções de revitalização e um debate mais "desapaixonado" sobre o tema.

"Minha posição tem sido de apoiar a revitalização como medida prioritária e abrir uma discussão a respeito do processo de interligação de bacias que envolva todos os governadores e todas as autoridades da região, de modo que nós possamos ter uma discussão mais desapaixonada, nem a negativa definitiva de qualquer espécie de cooperação com o nordeste setentrional, nem também uma transposição a todo custo", disse o prefeito.

O projeto de transposição do rio São Francisco foi debatido nesta quarta-feira (4) durante audiência pública na Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional. A necessidade de revitalização da bacia do São Francisco foi uma das condições apresentadas por ambientalistas e pelo próprio Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco para a aprovação do projeto. Ambos querem a recuperação da vegetação ciliar e dos solos da bacia antes do início do projeto de transposição.

O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, afirmou que a revitalização da bacia já começou. "Temos R$ 621 milhões contratados em saneamento, um processo de recuperação do rio das Velhas, em Minas Gerais, que de toda a bacia é o rio mais degradado, e os primeiros canteiros de mudas para reposição de matas ciliares que foram totalmente destruídas já estão em execução".

Ciro afirmou, no entanto, que a transposição não poderá ser feita após a revitalização, processo que poderá demorar até 20 anos para ser completado. "Colocar a revitalização antes da transposição é um ato de malícia. A água está faltando é hoje". Segundo ele, serão investidos R$ 4,5 bilhões apenas na revitalização, em projetos que incluem o saneamento básico nas cidades ribeirinhas e a recuperação das matas ciliares e dos rios afluentes.