Especial 6: "Transporte aéreo já superou crise", avalia ministro do Turismo

04/05/2005 - 18h24

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Embora reconheça que os custos operacionais no transporte aéreo têm crescido no país, o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, rebate as argumentações que apontam existir crise no setor relacionada a problemas conjunturais. "Não há nenhuma crise nesse setor que, aliás, tem crescido em torno de 20% este ano, todos estão ganhando dinheiro, as empresas estão comprando avião e quem defende que há crise está falando bobagem", acentua o ministro em entrevista à Agência Brasil.

Ele informou que preparou uma análise sobre as queixas dos empresários para enviar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O principal ponto é a reclamação dos empresários sobre o preço da querosene de aviação. Em sua avaliação, de fato esse insumo é muito caro e deixa as empresas em desvantagem na competição internacional. Em carta aberta, dirigida ao presidente, no dia 14 de abril, o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) e outras entidades representativas do setor, informaram que de janeiro de 1999 a fevereiro de 2005, o preço do produto foi reajustado em 896,9%, enquanto derivados como a gasolina automotiva subiram 267%, o diesel 426,8% e o gás de cozinha, 442%. Ainda conforme o levantamento, só neste ano de 2005 houve um aumento de 27,6%.

Para Walfrido, os custos operacionais e a gestão são as principais variáveis para o setor. "Uma empresa é boa quando ela tem gestão competente e tudo que é mal gerido quebra", ponderou. Quanto a outros pontos que envolvem as despesas como o sistema de leasing, por exemplo, comentou que os contratos seguem os juros internacionais "que estão baixos e quanto às peças de manutenção, estas são regidas pela variação do dólar, cuja cotação está estável para baixo".

O ministro também manifestou acreditar que haverá um futuro promissor para a Varig. "A Varig tem cultura de operação, divulgou o nome do Brasil lá fora durante muitos anos e todos estão torcendo para uma solução", disse referindo-se ao endividamento da empresa. Mas fez questão de ressaltar que essa solução deve atender aos interesses da empresa em si e dos empregados e que a situação dos acionistas deverá ser definida pelo próprio mercado. Garantiu que o governo não colocará dinheiro na empresa. "O governo não pode colocar dinheiro numa empresa privada. O que ele pode é emprestar". Sobre as informações veiculadas de que haveria quatro compradores interessados, inclusive estrangeiros, disse não ter detalhes.

Sabe apenas o que foi publicado nos jornais, mas considera possível a formação de uma joint-venture, um acordo talvez de forma mista entre capital nacional e externo, apesar da limitação de 20% para a participação estrangeira. "Creio que os empresários brasileiros estão de olho no negócio porque afinal de contas a Varig tem um ativo". Walfrido observou que a empresa está sendo bem administrada e como é publico tem hoje um resultado operacional de mais de US$ 400 milhões. "Se não estivesse endividada estava nadando de braçada", observou.