Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O deputado André Luiz (sem partido-RJ) decidiu subir à tribuna da Câmara dos Deputados para fazer a sua defesa na votação que vai definir se o parlamentar perderá o seu mandato e terá os seus direitos políticos cassados. Entre os seus argumentos, o parlamentar disse que se os deputados decidirem cassá-lo, estarão retirando o direito político de mais de 91 mil eleitores da Zona Oeste do Rio de Janeiro - sua base eleitoral. "O meu querido povo sofrido da Zona Oeste hoje é julgado. Labuto na vida pública há 25 anos, uma luta diurna em prol de melhor qualidade de vida."
André Luiz voltou a reclamar da Comissão de Sindicância da Câmara e do Conselho de Ética da Casa, alegando que não teve direito de se defender - especialmente no período em que esteve hospitalizado em novembro do ano passado, após ter sofrido um acidente automobilístico. "Tudo foi a toque de caixa e eu fui prejudicado. Mas não venho aqui para discutir, para reclamar. Nem por isso estou aborrecido. Sou um homem honesto, sério e inocente."
O deputado entregou o seu futuro político a Deus, e pediu que cada deputado vote de acordo com a sua consciência. "Hoje a sessão é secreta. Que Deus seja o meu juiz, e que a sua sentença seja a justa para os envolvidos". Evangélico, André Luiz conta com o apoio de grande parte dessa bancada na Câmara.
Muitos parlamentares, no entanto, defendem publicamente a cassação do deputado. "Não tem como a Câmara ser conivente à manutenção de um mandato cujas provas contra a lisura do trabalho sejam tão evidentes. É necessário cassar o deputado André Luiz. Há um exigência da sociedade, mas ninguém pode cassar apenas por ser uma exigência abstrata, mas sim por estar convencido", disse a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
Já o deputado Professor Luizinho (PT-SP), ex-líder do governo na Câmara, disse que espera dos deputados uma responsabilidade cívica que garanta a cassação de André Luiz. "A não cassação do deputado André Luiz significa a cassação do parlamento brasileiro. Se auto-cassar é muita violência. Eu acredito que ninguém vai fazer esse ato de insanidade", defendeu.
O deputado Chico Alencar (PT-RJ), que foi deputado estadual junto com André Luiz na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, também defende a cassação do colega. "Temos elementos para nos posicionarmos assim. Do contrário, será corporativismo. A Câmara não é um clube de amigos, e sim para servir ao país. Cada um que tem mandato público deve zelar por isso", enfatizou.
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