Créditos do BNDES para indústrias do aço, papel e química podem mais que dobrar este ano

04/05/2005 - 19h11

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - As liberações de créditos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social para a área de insumos básicos, que inclui setores da indústria química, do aço e do papel, podem mais que dobrar este ano. No ano passado, a área teve liberação total de R$1,7 bilhão. Em 2005, as liberações previstas estão entre R$ 3,7 bilhões a R$ 4 bilhões em operações diretas. Esse montante não inclui os financiamentos que poderão ser obtidos indiretamente, via agentes financeiros repassadores de recursos do BNDES, que representam 50% das operações efetuadas pelo banco.

A informação foi dada hoje no Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Rio de Janeiro(IBEF/RJ) pelo superintendente da Área de Insumos Básicos do BNDES, Wagner Bittencourt de Oliveira. Ele disse que a expectativa para os próximos anos é de investimento forte em alguns setores do país que são intensivos em capital e estão com a capacidade esgotada. Esses setores, que são objeto de financiamento da área de insumos básicos do BNDES, são siderurgia, mineração e metalurgia, química e petroquímica e papel e celulose e produtos florestais.

Esses setores terão que investir para continuar a crescer, porque são internacionalizados, com grande competitividade, e apresentam elevados níveis de tecnologia e produtividade. "Então, necessariamente, como eles estão agora com a capacidade de produção no limite, eles precisam investir em um novo ciclo de desenvolvimento", expôs Wagner Oliveira.

A carteira de operações do BNDES para a área já contabiliza no primeiro trimestre deste ano um total de 161 projetos, no valor de R$ 31 bilhões. Segundo Oliveira, "esse é um indicador forte de que os projetos vão acontecer". Desse montante, 63 operações já estão contratadas. "Do ponto de vista do orçamento, a gente imagina que, nos próximos anos, a carteira deverá ser no mínimo de R$ 30 bilhões a R$ 31 bilhões, porque hoje a maioria desses pedidos já está no banco", revelou.

Um dos projetos já contratados na área de papel e celulose é o de expansão da capacidade de produção da Bahiasul (BA), no valor de U$ 1,2 bilhão. A usina que a Companhia Vale do Rio Doce vai construir no Rio de Janeiro em parceria com a alemã ThyssenKrupp deverá solicitar financiamento ao BNDES, acredita Wagner Oliveira. "Esse é um dos projetos que estão em perspectiva que a gente acredita que vão se materializar", informou. Os investimentos previstos por cada um dos setores de insumos básicos até 2010, 2011 alcançam em torno de U$ 10 bilhões em média.

Os investimentos estimados pelo setor de siderurgia são de US$ 12 bilhões, prevendo elevar a atual capacidade de produção do país de 34 milhões de toneladas por ano para 60 milhões de toneladas por ano. No setor químico e petroquímico, a previsão é de investir US$ 11 bilhões, visando alavancar a capacidade produtiva de 8 milhões de toneladas anuais para 14,5 milhões de toneladas. No setor de papel e celulose, a meta é ampliar a capacidade de 8,2 milhões de toneladas ao ano para 9,7 milhões de toneladas, com investimentos de US$ 10,5 bilhões. A expectativa é a de que sejam gerados 3 milhões de empregos.