Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - A homologação contínua da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, provocou uma reação inusitada no plenário da Câmara. O deputado Pastor Frankembergen (PTB-RR) subiu à tribuna trajando uma túnica com a bandeira do estado de Roraima com uma tarja preta representando luto pela demarcação. Nas costas da túnica, uma réplica da bandeira do Brasil. "As trevas cobriram meu Estado. O manto negro da desesperança cobriu de luto o meu coração e os corações de todos os meus irmãos roraimenses", afirmou o deputado.
Pastor Frankembergen criticou o fato da reserva ter sido homologada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma sexta-feira, logo após o seu retorno de viagem à África. "Foi tudo muito rápido. Tudo aconteceu de forma orquestrada", criticou. O deputado é favorável à homologação descontínua da reserva com o argumento de que as terras demarcadas vão isolar 14 mil pessoas - a maioria, segundo o deputado, contrárias à demarcação. "Mais de 60% dos índios que vivem ali não queriam a demarcação da maneira como foi estabelecida", criticou.
O vice-líder do PT na Câmara, deputado Fernando Ferro (PE), rebateu as críticas do Pastor. Segundo o vice-líder, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pagou uma dívida histórica com os índios da região ao legalizar as terras para domínio indígena. "Temos que respeitar as comunidades que não querem um processo de aproximação com os brancos, e temos que respeitá-los. Um país sério tem que respeitar sua composição étnica, e o governo cumpriu a sua dívida histórica", enfatizou.
O presidente Lula homologou a reserva indígena na última sexta-feira (15), por meio de decreto, depois de um impasse que durou mais de dez anos em Roraima. A Polícia Federal deslocou agentes neste domingo para a região com o objetivo de garantir que a homologação seja efetivada na reserva Raposa Serra do Sol.