Rede de Teconologia Social vai priorizar experiências de geração de renda no Norte e Nordeste

14/04/2005 - 14h54

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Experiências ligadas à geração de emprego e renda e à promoção da inclusão social nas regiões Norte e Nordeste estão entre as prioridades da Rede de Tecnologia Social, lançada nesta quinta-feira (14) pelos ministérios da Ciência e Tecnologia e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, em parceria com 11 entidades públicas, privadas e organizações não-governamentais (ongs). A informação é do ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, que participou do lançamento da rede. A iniciativa busca disseminar soluções criativas e de baixo custo, resultantes de parcerias entre comunidades e instituições que apóiam projetos sociais.

Durante o evento, o ministro lembrou que o Norte e Nordeste "acumulam os piores Índices de Desenvolvimento Humano" e disse que as duas regiões apresentam os maiores desafios sob o ponto de vista do desenvolvimento. "A rede já tem projetos prioritários, sobretudo tecnologias que estão ligadas à realidade das regiões mais pobres do país. Essas teconolgias foram escolhidas exatamente por já terem sido testadas, experimentadas, e com grande êxito", acrescentou Campos.

Segundo o presidente da Fundação Banco do Brasil, Jacques Pena, as prioridades para 2005 são a reaplicação dos sistemas Barraginhas, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Emprapa) e Mandala de Irrigação Alternativa, criado pela Agência Mandalla. "Tecnologias sociais são soluções que somam o conhecimento e o saber popular com o conhecimento científico, produzindo resultados que tenham impacto social em necessidades de comunidades carentes, e esses são dois exemplos importantes", avaliou o presidente da fundação, uma das 13 entidades que compõem a rede.

Segundo o Ministério de Ciência e Tecnologia, a expectativa é implantar 1,1 mil unidades do sistema Mandala em todo o país, ainda este ano. Aplicado inicialmente na Paraíba, o Mandala foi uma das iniciativas vencedoras do Prêmio de Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil em 2003. A técnica combina a utilização de tecnologias de irrigação e produção agrícola de baixo custo.

O sistema, montado em formato circular, mantém no centro um pequeno lago para a criação de peixes e aves. "Isso é feito com base nos princípios da permacultura, que traz o conceito da ecologia para o desenvolvimento de produção agrícola em pequenas unidades", explicou Jacques Pena. As famílias beneficiadas melhoram o seu padrão de consumo de alimentos e comercializam o excedente.

Já o sistema Barraginha consiste na construção de pequenas barragens nas pastagens e lavouras, de maneira a impedir os danos provocados pelas enxurradas danosas. A técnica possibilita a captação de água superficial da chuva no semi-árido, assim como a recuperação de áreas degradadas. Nos últimos seis anos, mais de 25 mil barraginhas já foram construídas, em 225 municípios mineiros.