Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), defendeu hoje (13) a apuração das denúncias contra o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, pelo Supremo Tribunal Federal. Albuquerque acredita que assim a oposição irá parar de atirar contra o presidente do Banco Central.
"É melhor do que ficarem denúncias atiradas ao vento, porque penas ao vento nunca mais se recolhem. É melhor ter um inquérito que, dentro da regra do Direito, possa se chegar a um veredito, pelo sim ou pelo não. Mas que se tenha um veredito para não continuar a língua solta que a oposição tem muito aqui no Congresso", enfatizou.
Na opinião do vice-líder, as denúncias contra Meirelles são preconceituosas e têm como objetivo desestabilizar o governo federal. "O presidente do Banco Central, que viveu muitos anos nos Estados Unidos, que recebia como diretor-presidente de um dos grandes bancos do país, óbvio que teve por um período domicílio fiscal fora do Brasil. Isso todo mundo sabe. Quantas vezes quiserem ouvir não só explicações como justificativas, ouvirão. Mas nós estamos muito tranquilos quanto à conduta pessoal do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles", enfatizou Beto Albuquerque.
Foi aprovado, nesta quarta-feira, na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara, a convocação do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para prestar esclarecimentos sobre supostas irregularidades no envio de dinheiro ao exterior em 1999. O PFL também anunciou que vai apresentar em seis comissões técnicas da Câmara requerimentos de convocação do presidente do Banco Central. O partido defende que Meirelles cometeu crime contra o sistema financeiro nacional na época em que foi presidente do Banco de Boston, em 1999.
"O PFL vai cobrar diariamente a presença e esclarecimentos do presidente do Banco Central aqui na Câmara, no plenário e nas Comissões. Ele tem muitas coisas a explicar", afirmou o líder do partido na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ).
Segundo pedido encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) há duas semanas pelo procurador-geral da República, Claudio Fontelles, o presidente do Banco Central teria enviado dinheiro ao exterior irregularmente em 1999. A operação, na avaliação de Fontelles, pode ter configurado crime eleitoral e lesão ao sistema financeiro nacional.
O Ministério Público investigou as operações financeiras de Meirelles quando foi presidente do Banco de Boston e teria aberto empresas em paraísos fiscais. Além disso, o banco teria enviado quantias elevadas ao exterior sem registro do Banco Central. O STF vai decidir amanhã (14) se autoriza a abertura de inquérito para investigar as denúncias.
O PFL também vai convidar o deputado José Mentor (PT-SP) e o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), que foram respectivamente relator e presidente da CPI do Banestado, para explicarem se realmente há qualquer envolvimento do presidente do Banco Central em operações ilegais. A CPI investigou a remessa de dólares para o exterior por meio das contas CC-5, na época em que Henrique Meirelles presidia o Banco de Boston.