Para IBGE, Brasil tem registrado queda ''expressiva'' na concentração de renda

13/04/2005 - 17h54

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - O principal desafio do governo federal na atual década é promover a melhoria da distribuição da renda no país, sem esquecer o controle da dívida externa e da inflação, problemas equacionados nas décadas de 80 e 90. Na avaliação do presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Eduardo Nunes, a melhoria da distribuição da renda passa pelo aumento da oferta de emprego e da renda em todo o Brasil.

Falando hoje a empresários da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro, o presidente do IBGE mostrou que, nos últimos anos, já houve uma melhoria na distribuição de renda no país. O Índice de Gini, que mede a concentração de renda, caiu do pico de 0,65, registrado ao final da década de 80, para em torno de 0,56 atualmente. "Houve uma queda expressiva no padrão da concentração da renda", avaliou Nunes.

Nunes ressaltou, entretanto, que esse indicador reflete de forma mais apropriada o padrão de distribuição de renda entre os que têm como fonte principal o trabalho assalariado. O presidente do IBGE afirmou, ainda, que "o fato de haver uma melhor distribuição de renda entre aqueles que vivem do trabalho não permite afirmar que a distribuição de renda melhorou de forma expressiva, porque pode ter havido uma melhoria da distribuição da renda do trabalho, mas relativamente a outras formas de renda isso se mantém de forma deteriorada".

O presidente do IBGE lembrou dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2002/03 (POF), indicando que a distribuição de renda vem melhorando nos últimos trinta anos, "porém numa velocidade muito lenta". Isso explica, segundo o economista, a presença de um contingente expressivo da população "que ganha menos do que gasta cotidianamente no seio da família, o que indica uma população desfavorecida".

A população brasileira com renda mensal per capita de até R$ 500 não consegue cobrir todas as suas despesas, afirmou Eduardo Nunes. Alguns estudiosos registram que a população com renda de até 1 salário mínimo estaria na faixa de pobreza. Isso corresponde a 21,8% da população total, nível elevado, considerando-se o atual PIB nacional de R$1,7 trilhão. Esse fator econômico coloca o Brasil entre as 12 maiores economias do mundo mas, em termos de justiça social, o Brasil está entre os países com pior padrão de distribuição de renda, equiparado a nações como Gana, Lesoto e Congo, indicou Eduardo Nunes. O economista destaca ainda que, na América do Sul, o único país que está no rol da desigualdade absoluta é o Brasil, "principalmente quando confrontamos a desigualdade na distribuição com o nível de renda".

"O Brasil é um país desigual e que tem contingente expressivo de população pobre. E esse, para mim, é um desafio a que nós precisamos estar atentos. Superando esse desafio, o salto de qualidade da economia brasileira será fantástico", avalia.