Dirceu pede para analisar processo sobre retomada de obras de Angra 3

13/04/2005 - 20h36

Lílian de Macedo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A decisão sobre a retomada das obras de construção da usina nuclear de Angra 3 foi adiada, em reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) nesta quarta-feira. Os ministérios de Minas e Energia, Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia divergem em relação ao tema e o ministro José Dirceu, da Casa Civil, pediu para estudar os relatórios e emitir um parecer. Não há data marcada para a próxima reunião.

De acordo com o secretário executivo do ministério do Meio Ambiente, Cláudio Langone, existem diversas diferenças de posicionamento nos relatórios técnicos produzidos pelos ministérios. O do Meio Ambiente teme os riscos de acidentes na geração de energia nuclear, explicou, acrescentando que não há ambiente seguro para eliminação dos dejetos radioativos. "Há outras formas menos impactantes e mais baratas de geração de energia, da eólica à hidroelétrica", disse.

Já o ministro de Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, argumentou, durante a reunião do CNPE, que US$ 700 milhões já foram investidos na usina. "O ministro acredita que isto vai impulsionar o programa nuclear brasileiro", comentou o secretário. Na opinião de Langone, ainda seriam necessários US$ 1,8 bilhão para a conclusão da obra. A preocupação do ministério de Minas e Energia, acrescentou, é o alto custo da energia nuclear, o que pode acarretar aumento das tarifas.

Contra a retomada das obras, manifestantes do Greenpeace realizaram um protesto em frente ao Ministério de Minas e Energia. De acordo com o coordenador da campanha de energia da organização, Sérgio Dialetachi, o programa é caro, traz riscos para o meio ambiente e para a população: "A ministra Dilma disse, no Fórum Social Mundial, que a remuneração ideal por megawatt/hora de energia nuclear seria de R$ 288. Com hidroeletricidade, seriam R$ 120. Ou seja, a geração por energia nuclear custa mais que o dobro da hidroeletricidade."