Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O sonho de vida melhor pode significar aventura arriscada para imigrantes que tentam cruzar clandestinamente algum ponto dos três mil quilômetros que separam o México dos Estados Unidos. A grande maioria dos imigrantes ilegais na fronteira é composta por mexicanos, mas brasileiros também arriscam a vida ao tentar atravessar para a América do Norte. O Instituto Nacional de Migração do México registrou, no ano passado, 4,8 mil brasileiros com entrada negada em aeroportos do país e 1,4 mil detidos em algum ponto da fronteira.
O chefe do Serviço Consular da Embaixada do Brasil no México, Gustavo Guimarães, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, afirmou que o problema da imigração, em vários pontos, começa no Brasil, tem o México como território de passagem e os Estados Unidos como destino.
"O México tem um povo de origem de centenas de milhares de anos. É o mexicano, em primeiro lugar, e depois os centro-americanos, guatemaltecos, hondurenhos, salvadorenhos. Isso cria uma indústria chamada ‘indústria da imigração irregular’, que leva os brasileiros de roldão, se é que a gente pode dizer assim", explicou.
Gustavo Guimarães ressaltou que a morte é um risco constante para aqueles que tentam atravessar a fronteira. "Na maior parte das vezes, as mortes acontecem em território americano. O migrante consegue atravessar a fronteira e morre do outro lado. Então a morte faz parte, infelizmente, do cotidiano da travessia irregular", acrescentou.
Para Ana Cristina Martes, professora da Fundação Getúlio Vargas, a ilegalidade da travessia pode esconder os riscos das condições do deserto e do rigor dos policiais e barreiras americanas. Apenas no ponto da fronteira em que três brasileiros morreram e sete ficaram feridos na semana passada, 140 pessoas foram detidas em 2004.
"Como tudo é feito de maneira ilegal, tudo é encoberto, inclusive os riscos e os perigos. Você fica numa condição vulnerável, na mão dos atravessadores", disse Ana Cristina.