Irmão de vítima da chacina acredita que criminosos não serão punidos

08/04/2005 - 16h47

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil

Rio – A polícia pode até prender os culpados, mas os tribunais não farão justiça no caso da chacina da Baixada Fluminense, acredita o irmão de uma das vítimas, que não quis se identificar por razões de segurança. O crime fez 30 vítimas há uma semana e policiais suspeitos estão sob prisão preventiva.

"Na hora, a Justiça diz que não tem prova e coloca os assassinos na rua de novo, para que eles cometam o mesmo crime e façam a família dos outros sofrer", diz o parente da vítima. Sua família chegou a se cadastrar para receber a indenização vitalícia do governo do estado, mas ele diz que preferia até não receber o valor. "Isso não tira a dor de perder um ente querido da família. Dinheiro nenhum no mundo vai tirar o que nós estamos sentindo."

"Com isso, as autoridades têm que abrir o olho para que não ocorra algo semelhante de novo. Foi uma coisa horrível, pegaram pessoas inocentes, crianças."

A Secretaria de Direitos Humanos do Rio já cadastrou 12 das 30 famílias de vítimas da chacina da semana passada, na Baixada Fluminense, para o pagamento de pensões vitalícias. O subsecretário estadual de Direitos Humanos, Paulo Bahia, espera que os benefícios possam ser pagos num prazo de 90 a 120 dias, já que dependem da aprovação de lei específica pela Assembléia Legislativa do Rio (Alerj). "A pensão vai variar de um a três salários mínimos, dependendo da situação socioeconômica da vítima, nos mesmos moldes das que já existem para as chacinas de Acari, Vigário Geral e Candelária", disse.

Neste sábado (9), às 9h, parentes de vítimas, moradores de Queimados e policiais farão uma passeata pela paz, partindo da Praça Nossa Senhora da Conceição rumo ao local onde quatro pessoas foram assassinadas. Os manifestantes também darão um abraço simbólico no 24º Batalhão de Polícia Militar (Queimados). Nenhum dos policiais acusados está preso em Queimados. Foram transferidos por questões de segurança para o Batalhão Especial Prisional, em Benfica, subúrbio da cidade.

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