Furlan diz que propostas dos empresários para política cambial são ''bem fundamentadas''

08/04/2005 - 17h46

Elisângela Cordeiro
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, afirmou que alguns setores produtivos do país estão sendo prejudicados pelo câmbio valorizado. O ministro recebeu dos empresários paulistas propostas para compensar as perdas em exportações decorrentes dessa valorização. Furlan participou hoje (8) de debate com empresários do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).

"Por exemplo, quem vende para uma cadeia de varejo americana, tem enorme dificuldade de aumentar preço. Os setores de auto-peças, calçados, bens de consumo duráveis e não-duráveis. Alguns setores estão afetados gravemente. O presidente Lula está sendo sensibilizado com dispensas de funcionários para alguns segmentos. Eu vou continuar fazendo trabalho interno de sensibilização. Não quero polêmica pública sobre isso", disse.

O ministro considerou a proposta dos empresários fundamentada e passível de execução. O documento foi entregue na quarta-feira ao ministro pelo Ciesp e divulgado oficialmente no dia seguinte. "Boa parte delas (as propostas) é bem fundamentada e exeqüível. A partir daí você tem um trabalho de convencimento para que as coisas possam caminhar".

A proposta apoiada por 23 entidades empresariais inclui a continuidade dos leilões de compra de dólares para reservas cambiais mais elevadas, realização de swap reverso (introdução de um mecanismo que reduza a dívida interna em dólares), a regulamentação de linhas de crédito para exportação pré-embarque, com o Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) em Reais, e a regulamentação do prazo máximo de 30 dias para financiamento de importação de bens de consumo duráveis e não-duráveis.

Furlan cobrou dos empresários que apresentem formalmente suas reclamações em relação à concorrência desleal. Segundo ele, nenhum setor que reclama de concorrência desleal nas relações comerciais entre Brasil e China pediu ao ministério que sejam tomada medidas. Na opinião de Furlan fraudes e subfaturamentos são práticas de diversos mercados e não ocorrem em razão de o Brasil ter reconhecido a China como economia de mercado.

O ministro disse ainda que as exportações brasileiras vão crescer, independentemente da valorização do Real frente ao dólar e do crescimento da economia norte-americana. Ele também destacou o desempenho das exportações brasileiras, que somam uma média diária de US$ 400 milhões.