Brasília, 3/4/2005 (Agência Brasil - ABr) - A série de esculturas Os Doze Profetas, feita por Aleijadinho, será restaurada pelo programa Monumenta, do Ministério da Cultura. A expectativa é de que o trabalho comece em 15 dias e dure um ano, com custo estimado em R$ 100 mil.
O Programa Monumenta é executado com recursos federais e financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento. As obras compõem a arquitetura do Santuário Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo (MG) e foram esculpidas em pedra sabão a partir de 1790. Trata-se do maior conjunto estatuário barroco do mundo, tombado em 1985 pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade.
A recuperação prevê treinamento dos trabalhadores, avaliação das esculturas, aplicação do produto para a limpeza e acompanhamento trimestral, sob a coordenação da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). "É um contrato de limpeza e monitoramento", explica o coordenador do Programa Monumenta, Luiz Fernando de Almeida.
O trabalho em Congonhas do Campo envolve outras obras históricas: as seis capelas que compõem o Santuário Senhor Jesus do Matosinho; a Estação Ferroviária, que deverá ser o Centro de Recepção de Turistas da cidade; e a Rua de São José, que dá acesso ao Santuário, partindo do centro da cidade. Por meio de financiamentos aos proprietários, estão sendo restaurados também imóveis privados do Centro Histórico, na Ladeira do Senhor Bom Jesus. "Quando estiver pronto será um centro de referência, onde estará explicitada esta especificidade do barroco brasileiro, tão importante para a arte ocidental", ressalta Luiz Fernando.
Em todo o estado de Minas Gerais, o investimento do Programa Monumenta soma R$ 30 milhões. Com outras ações do Iphan e patrocínios por meio da Lei Rouanet, esse valor chega a R$ 60 milhões. Em Congonhas, o investimento é de R$ 15 milhões, dos quais R$ 6 milhões do Monumenta.
Há dois meses, foi encerrada a restauração das 64 esculturas que compõem os Passos da Paixão de Cristo, outra obra de Aleijadinho. As seis capelas que abrigam as obras estão sendo restauradas, com conclusão prevista para este semestre. Na penúltima delas, que abriga o Passo da Subida do Calvário, está o Cristo carregando a cruz e com marcas de sangue no pescoço, escultura em que Aleijadinho teria feito uma alusão ao sofrimento e morte de Tiradentes (1746-1792) – líder da Inconfidência Mineira, enforcado no dia 21 de abril de 1792 no Rio de Janeiro.
Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814), era filho de Isabel, escrava do arquiteto português Manuel Francisco Lisboa, de quem engravidou. Considerado o criador de uma arte regional e nacionalista, ligada a manifestações de religiosidade, recebeu os primeiros ensinamentos no próprio ateliê do pai.
Perto dos 50 anos, passou a sofrer de uma doença degenerativa e teve amputados os dedos dos pés e das mãos. Mesmo assim, continuou a esculpir, ajoelhado e com os instrumentos amarados no punho.