Depoimentos colhidos no Pará pouco esclarecem caso Dorothy, diz presidente da CPMI da Terra

01/04/2005 - 17h18

Christiane Peres
Da Agência Brasil

Brasília - Integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Terra encerram hoje, em Altamira, as audiências públicas realizadas no Pará com o objetivo de fazer um diagnóstico sobre a estrutura fundiária e os conflitos pela posse da terra na região. A CPMI deve ouvir nove pessoas. Segundo o presidente da comissão, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), os depoimentos colhidos até o momento "pouco acrescentam para o esclarecimento do caso (da missionária Dorothy Stang)".

"Nós já ouvimos diversos depoentes, alguns suspeitos de participação em crimes, e já com passagem pela polícia, mas ouvimos sempre a negativa. Não há confissão e isso acrescenta pouco. É uma música só, são todos inocentes, vítimas de calúnia e difamação", disse o senador.

Os depoentes, que tiveram os sigilos bancário e fiscal quebrados pela CPMI, são alvo de processos judiciais por causa de irregularidades em projetos firmados com a extinta Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). A decisão de ouvir os envolvidos em irregularidades na Sudam foi uma sugestão da missionária Dorothy Stang, assassinada em fevereiro deste ano em Anapu (PA) por sua luta em favor da reforma agrária.

Os parlamentares suspeitam da existência de uma espécie de consórcio para financiar a morte da missionária. De acordo com Álvaro Dias, a comissão tem condições de esclarecer a denúncia. "Nós, da CPMI, não temos muitos instrumentos para aprofundar as investigações. Nesse terreno criminal, cabe mais à polícia a investigação completa e mais aprofundada, que pode elucidar todas as dúvidas e suposições existentes. O que podemos concluir é que há muita impunidade na região", afirmou o senador.

A possível existência de um consórcio voltou à tona após o primeiro depoimento de Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, fazendeiro acusado de envolvimento no crime da missionária. Em depoimento à PF de Altamira, Vitalmiro disse que outras pessoas estariam envolvidas no crime.