Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O ex-ministro da Fazenda Pedro Malan disse hoje que espera que o Brasil tenha superado a "síndrome do coitadinho" e possa decidir por si o que é melhor para o povo. A afirmação foi feita ao comentar a decisão do país de não renovar o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), anunciada nesta semana pelo governo.
Para Malan, "era uma baixa auto-estima, para não falar em auto-engano", ter a idéia de que o Brasil só fazia as coisas quando alguém de fora lhe dizia o que fazer. "Nosso futuro está nas nossas mãos, como sempre esteve", afirmou. Malan defendeu, no entanto, a manutenção do superávit primário (economia que o país faz para pagar a dívida externa), fixado em 4,25% do Produto Interno Bruto (a soma de bens e serviços produzidos no país
Sobre o comentário do ex-diretor do Banco Central Ilan Goldfajn de que o Brasil tem reservas suficientes para quitar a dívida com o FMI, Malan disse que essa e uma questão operacional e cabe à atual equipe econômica fazer as contas na ponta do lápis, com cuidado, e tomar a decisão que parecer mais apropriada.
Para o ex-presidente do BC, Pérsio Arida, do ponto de vista econômico, a proposta de Goldfajn faz sentido. "Se você tem um ativo(dinheiro) que rende menos do que o seu passivo(dívida) é melhor quitar a dívida", afirmou. Arida no entanto ressaltou a importância de analisar se é preferível ter um nível confortável de reservas. Para ele, esse julgamento cabe ao Banco Central.
Sobre a autonomia do Banco Central, o ex-presidente da instituição, Armínio Fraga, disse que chegou a hora da discussão, que vinha sendo amadurecida. Para ele é em boa hora que o assunto está sendo debatido no Senado. "Não tem porque não seguir o caminho adotado por outros países. Um caminho que tem dado tão certo. É uma coisa pragmática e um sinal de progresso para nós", afirmou.
Segundo Timothy Gieithner, presidente do Federal Reserv de Nova Iorque (o banco central daquele estado), o sistema de metas de inflação realmente traz credibilidade, mas a independência do Banco Central é um sinal mais claro de liberdade para prosseguir com os objetivos da política monetária.
Malan, Goldfajn, Arida, Armínio e Gieithner foram alguns dos participantes da cerimônia de comemoração dos 40 anos do Banco Central, que reúne em Brasília ex-presidentes e diretores, atuais dirigentes e funcionários da instituição.