Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A decisão de adiar alguns pontos da reforma política para 2008, como está sendo costurado pelos presidentes do PT, PSDB, PFL e PMDB é um dos poucos temas no Congresso que não dividem governo e oposição. Para o presidente do PT, José Genoino, a idéia é razoável e atende às principais reivindicações dos partidos. "A nossa idéia é trabalhar de maneira mais efetiva com todos os partidos para viabilizar a reforma política. Para o Congresso Nacional, não ter uma reforma política é um desastre perante a opinião pública. O nosso sistema (eleitoral) está falido", afirmou Genoino.
Já o presidente do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG), concorda que a discussão sobre a reforma política é essencial ao país neste momento. "O sistema atual está desgastado, e leva a distorções como o aumento do custo das campanhas e até mesmo à corrupção", disse ele.
Para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é fundamental criar condições para que a fidelidade partidária seja fortalecida na reforma política. "Se não fizermos isso, vamos colaborar com o sentimento de que os partidos são albergues de conveniência, muitas vezes guardando interesses inconfessáveis. Os partidos não podem ser partidos de aluguel", enfatizou.
A exemplo do que vem fazendo desde que assumiu a presidência do Senado, Calheiros disse que vai continuar conversando com presidentes de partidos para discutir a proposta ideal de reforma política. "Vamos dar continuidade a essa série de conversas para que possamos estabelecer consenso em torno da fidelidade partidária, para que o tamanho do partido se expresse com base no que sair das urnas".
Na opinião do presidente do Senado, é mais fácil deixar para 2008 os pontos mais polêmicos do texto. "Para fazer a reforma política, para que possamos avançar, é fundamental fatiá-la, implantá-la de acordo com o processo, mas de maneira gradativa. Se não for assim, fica difícil contornar as dificuldades", encerrou.
Calheiros se reuniu esta tarde com os presidentes do PT, Jose Genoino, do PSDB, Eduardo Azeredo, do PMDB, Michel Temer, e do PFL, Jorge Bornhausen. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), também participou do encontro. A reforma política, que tramita na CCJ da Câmara, ainda terá que ser votada pelo Senado Federal para que as mudanças no sistema eleitoral possam entrar em vigor.