Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Na primeira reunião ministerial realizada depois das mudanças no primeiro escalão do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recomendou aos ministros que melhorem o relacionamento com os parlamentares no Congresso Nacional. Segundo o presidente, é preciso que cada ministro se empenhe para receber os deputados e senadores, assim como suas principais solicitações, como forma de garantir ao Executivo um apoio mais sólido da base aliada do governo.
"Ele (o presidente) pediu que o relacionamento com o Congresso melhore, e isso depende de cada um dos ministros. Eles precisam estar mais atentos às audiências com os parlamentares e aos (seus) pleitos", afirmou o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
O presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), também considera fundamental para a coordenação política do governo que todos os ministros se envolvam nas articulações com o Congresso Nacional. Calheiros lembrou que essa sistemática funcionava no passado, e deve ser retomada. "Se uma pesoa só assume a responsabilidade, fica difícil, os resultados são mais complicados. Essa base é complexa, heterogênea, que conflita eleitoralmente nos estados, e é fundamental envolver todos os ministros políticos na administração dela. Se não for assim, nós corremos o risco de continuar com poucos, pouquíssimos resultados", enfatizou.
Além de cobrar mais empenho dos ministros para melhorar a relação com o Congresso, o presidente também pediu mais trabalho e coesão aos seus auxiliares diretos. Segundo o ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, o presidente Lula fez uma exposição sobre as prioridades do governo para 2005, como as obras de transposição do rio São Francisco, a ferrovia Transnordestina e a implantação do projeto de biodiesel no país. "Ele disse que acha que este ano será o nosso ano, muito favorável ao país. Está bastante otimista com o crescimento da economia, e agora cada ministro tem que arregaçar as mangas, atingir as metas que foram programadas, e trabalhar aprimorando a gestão", afirmou o líder Mercadante.
Segundo o senador, o presidente também fez um apelo para a redução de gastos no Executivo e melhorias na aplicação dos recursos federais. "O objetivo é que o país tenha mais capacidade de investimento, o que é muito importante para o crescimento e a geração de emprego", explicou Mercadante.
Na opinião do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o presidente Lula fez a reforma ministerial que estava "no âmbito da sua vontade e de sua possibilidade política". Daqui para a frente, segundo ele, o presidente "fará as modificações que lhe parecerem adequadas no momento em que isso seja oportuno". Bastos não acredita, no entanto, que as mudanças no ministério terão reflexo no relacionamento com a base aliada no Congresso.
Mesmo sem ter sido contemplado na reforma com um ministério, o PP continuará apoiando o governo federal na Câmara dos Deputados. Segundo o presidente do partido, deputado Pedro Correia (PE), o PP tem responsabilidade com o país e vai ajudar na aprovação de matérias prioritárias para o crescimento. "Vamos continuar ajudando o presidente nas votações no Congresso. Sempre fomos aliados aqui, com ou sem ministério", garantiu.
Para o senador Renan Calheiros, a substituição de Amir Lando na pasta da Previdência Social pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), e a posse do deputado Paulo Bernardo (PT-PR) na do Planejamento não significou na prática uma reforma ministerial - que poderá ocorrer futuramente. "O presidente apenas suspendeu as conversas sobre a reforma. Claro que esse tempo é dele. A definição sobre a profundidade também é do presidente. Mas o sentimento que nós colhemos ontem na conversa que tivemos com ele é que esse era um assunto que estava sendo retirado circunstancialmente da pauta. Acho que depois pode voltar", afirmou.