Ribeirinhos se mobilizam desde os anos 70 para defender águas da Amazônia

22/03/2005 - 11h16

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Manaus - Desde a década de 70, comunidades de ribeirinhos na Amazônia, principalmente os moradores de várzea - os chamados varjeiros - se mobilizam para defender os lagos amazônicos da pesca predatória. Hoje, dia 22 de março, comemora-se o Dia Mundial da Água.

Em Parintins, no médio rio Amazonas, no Amazonas, militantes das comunidades Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e de Menino Deus bloquearam, no final dos anos 80, a entrada do lago do Comprido, no Paraná do Parintins. Eles se revezaram na beira do canal durante mais de 900 dias para impedir a entrada de barcos de pesca comercial. "Foi uma resistência muito grande. As pessoas trabalhavam de dia, passavam as noites sem dormir. Doze voluntários foram presos", lembra Adilson Silva, um dos participantes do movimento.

Dessa mobilização surgiu em 1992 a associação Grupo Ambiental Natureza Viva (Granav). Cinco por cento de toda a Amazônia Legal, ou seja, 250 mil quilômetros quadrados são ocupados pela várzea. Durante metade do ano, essa área fica inundada. Garantir a sustentabilidade de 15 comunidades do Paraná do Parintins, sem destruir o ecossistema, é o objetivo do projeto Sistema Integrado Terra e Água, desenvolvido pelo Granav com apoio do Pró-Várzea. As atividades econômicas fomentadas pelo projeto, em forma de iniciativa-piloto, são: criação de abelhas sem ferrão, criação de capivaras, plantio de hortaliças e manejo de lagos.