Karina Cardoso
Da Agência Brasil

Brasília - Chega a 86 o número de pacientes infectados em oito hospitais privados do Pará. A informação é do infectologista da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) de Belém, Lourival Rodrigues Marsola. Segundo ele, as fiscalizações continuam sendo feitas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelas vigilâncias do município e do Estado. A Anvisa iniciou na última quinta-feira uma vistoria nos hospitais onde os pacientes estiveram internados.

O infectologista afirma que todos os protocolos dos hospitais já foram revisados e que o mesmo será feito com os prontuários dos doentes que foram submetidos a procedimentos cirúrgicos entre janeiro de 2004 e fevereiro de 2005. "Os pacientes serão avaliados por meio desse levantamento. Os que ainda precisam ser investigados serão direcionados aos infectologistas contratados pela vigilância dos municípios para analisar cada caso", afirma.

A bactéria causadora da infecção é a Mycobacterium Abcessus encontrada usualmente no solo e na água. O infectologista explica que existem dois tipos de pacientes infectados: os submetidos aos exames ginecológicos e os submetidos a mesoterapia com alcachofras, procedimento estético para queima de gordura localizada. Para ele, o mais intrigante é descobrir a relação entre esses dois casos, pois o tratamento com alcachofras costuma ser feitos em consultórios particulares e não em hospitais.

Segundo Marsola, infecções com essa bactéria já foram verificadas em outros hospitais do Brasil e também em outros países. "Existe sim a possibilidade de haver falha na higienização e no processamento de artigos dos hospitais, mas acho estranho isso envolver diversas equipes de cirurgiões e diferentes hospitais ao mesmo tempo", afirma.

Desde a semana passada, a secretaria disponibiliza medicamentos na rede pública de saúde para os pacientes infectados. Amanhã (23), haverá reunião com os pacientes para orientá-los a receber o tratamento adequado.