Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil é o país com o maior número de mortes por arma de fogo no mundo. Em 2002, morreram 38.088 pessoas vítimas de armas de fogo, seja por homicídio, suicídio ou por acidentes. Em número absoluto, esse quadro supera Colômbia, África do Sul, El Salvador ou Estados Unidos. As informações estão no relatório elaborado pela pesquisadora Luciana Phebo para a organização não-governamental Viva Rio.
De acordo com ela, ao se levar em conta a população desses países, o Brasil ocupa o quarto lugar em taxas de mortalidade por armas de fogo. Em cada 100 mil habitantes, 21,8 morrem por ano, vítimas do uso de arma. Os dados mostram que, em 2002, 90% das mortes por arma de fogo no país foram homicídios, enquanto 3,6%, suicídios.
A pesquisa aponta que, no Brasil, o risco do homem jovem de 20 a 29 anos morrer vítima de arma de fogo é sete vezes superior ao restante da população. O risco de morte para esses jovens é 38 vezes maior que o da população feminina.
De acordo com a pesquisadora, a esperança de vida dos jovens vem diminuindo. "A falta de perspectivas de realização pessoal, profissional e social, a impossibilidade de ter sonhos e realizá-los geram uma sensação de impotência e baixa auto-estima, principalmente entre os homens jovens, que termina por levar à violência armada como forma de expressão", afirmou. Luciana Phebo acrescenta que a disponibilidade da arma de fogo aliada ao seu uso indiscriminado leva a um quadro "extremamente grave e preocupante".
Com base em um levantamento realizado pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, a pesquisadora concluiu que a média de tempo de internação de vítimas de arma de fogo nos hospitais é de sete dias e a internação custa em média R$ 5.564.