Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Falhas no processo de esterilização dos materiais utilizados em cirurgia são a principal suspeita da causa de uma infecção que já atingiu 52 pessoas em oito hospitais privados de Belém. A informação é da Gerente Geral de Tecnologia e Serviços da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Flávia Freitas. "A nossa suspeita é de que houve falhas no processo de esterilização dos materiais utilizados tanto nas cirurgias como em mesoterapia. Então nós estamos tentando fazer a correlação para ter uma certeza se a nossa suspeita será ou não validada", afirmou a gerente.
A Anvisa iniciou na quinta-feira (17) uma vistoria nos hospitais onde os pacientes estiveram internados e o surto já foi contido. Um exame detectou que a bactéria responsável pelas infecções é do tipo Mycobacterium Abscessus, encontrada usualmente no solo e na água. E não há relação com a bactéria causadora da lepra ou da tuberculose, como se suspeitava.
De acordo com Flávia, as infecções ocorreram em pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos, em sua maioria relacionados a cirurgias videoscópicas - uma espécie de cirurgia por vídeo - e mesoterapia - um procedimento estético para eliminação de gordura. A reação à bactéria causa uma inflamação aguda com presença de pus no local da cirurgia. Até o momento, nenhuma morte relacionada a isso foi informada.
"Já há registros no país de que aconteceram casos de infecções por essa bactéria. Só que o que aconteceu em Belém, em especial, é que houve um agrupamento maior do que os níveis esperados", explica Flávia. A Anvisa acompanha o caso das infecções no Pará desde dezembro de 2004, quando surgiram os primeiros registros de infecção com a bactéria.
Para evitar o surgimento de novos casos, a Anvisa recomenda a limpeza das mãos com água e sabão, após o contato com locais possivelmente infectados. A agência também orientará as comissões de controle e infecção hospitalar dos hospitais a intensificarem as medidas de prevenção e controle das infecções e a notificarem a vigilância sanitária municipal, se identificarem novos casos. Após a conclusão das investigações, a Anvisa e as vigilâncias sanitárias estadual e municipal poderão elaborar novas regras para os hospitais e programas de capacitação para prevenir surtos.