Senadora pede mais prazo para comissão que acompanha caso Dorothy Stang

16/03/2005 - 18h00

Christiane Peres
Da Agência Brasil

Brasília – Com o objetivo de dar continuidade às investigações sobre o assassinato da missionária Dorothy Stang em Anapu (PA), a senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA), pediu que o prazo de funcionamento da comissão externa do Senado que acompanha a apuração do crime fosse prorrogado por dez dias. Segundo ela, esse grupo tem um papel político importante na discussão sobre o combate à violência no campo. "Não podemos deixar que os culpados fiquem impunes, continuando a praticar violência. Por isso, é importante que a gente exija que as investigações não parem."

Em fevereiro deste ano, a disputa pela terra fez mais uma vítima no Pará: a missionária Dorothy Stang foi assassinada com seis tiros por Rayfran das Neves Sales e Clodoaldo Carlos Batista. A comissão do Senado foi criada para acompanhar as investigações sobre o assassinato. De acordo com a senadora, a comissão pretende entregar no dia 28 de março um relatório com as análises dos depoimentos colhidos em Anapu. "A nossa idéia é que o relatório represente um consenso, uma análise e sugestões para o andamento das investigações", diz.

Ana Júlia diz que a mudança nos depoimentos dos acusados pelo crime da religiosa pode ser um indício de "manipulação". Ontem, a justiça do Pará ouviu pela primeira vez os três acusados de envolvimento no assassinato – Rayfran das Neves Sales, Clodoaldo Carlos Batista e Amair Feijoli da Cunha. Segundo o promotor de Justiça, Lauro Freitas Júnior, Amair Feijoli teria assumido sozinho a autoria do crime de Dorothy. "Alguém mandou ele fazer isso. Ele deve ter recebido essa orientação por algum motivo. E esse motivo não dá tranqüilidade aos trabalhadores rurais da região", afirma a senadora.

De acordo com Ana Júlia, essa situação de impunidade não pode continuar e cabe aos políticos cobrar mais atitude dos órgãos responsáveis. "Acho que nós não podemos mais admitir e conviver com esse tipo de violência covarde, estúpida. Não admitimos mais conviver com impunidade. Vou ao Ministério Público Estadual e Federal, Procuradoria da República, onde for preciso para tentar resolver essa situação de impunidade no Pará."