General diz que Abin mantém documento sobre tentativa das Farc de doar dinheiro a campanha do PT

16/03/2005 - 19h15

Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) mantém em seus arquivos um documento produzido em 25 de abril de 2002 com a informação de que as Forças Revolucionárias da Colômbia (Farc) pretendiam doar US$ 5 milhões para a campanha do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, em 2002. A informação foi repassada pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Félix, durante reunião informal da Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência do Congresso Nacional ocorrida hoje (16).

De acordo com o senador Demóstenes Torres (PFL-GO), relator da Comissão, o general Félix não revelou, e também não tem conhecimento, da origem do documento que chegou à agência de investigação em 2002. Segundo o senador, a Abin não tem memória do documento. "Eles não sabem quem produziu o documento, não têm memória da produção do documento", afirmou. Segundo Torres, o general revelou que diversas informações chegam diariamente à Abin por meio de documentos anônimos e ações de "arapongagem".

Segundo o presidente da Comissão, senador Cristovam Buarque (PT-DF), o ministro Félix informou durante a reunião que a Abin não investigou se o dinheiro foi efetivamente enviado pelas Farc para a campanha do presidente Lula – e não para candidatos do PT como informou reportagem de uma revista semanal publicada esta semana. O motivo, segundo relato de Cristovam Buarque, é que a informação não tinha credibilidade suficiente para ser levada adiante pela agência na época. "Há um documento de 2002 que está no arquivo (da Abin) que não mereceu nem ao menos ser analisado. Esse documento de abril de 2002 não apenas faz referência, mas eles na época achavam que não merecia ser estudado", ressaltou.

A decisão de arquivar o documento e não levar adiante as investigações, segundo o senador Demóstenes Torres, foi explicada por Jorge Félix com o argumento de que o então candidato Lula poderia ser prejudicado com o vazamento da informação. "O general disse que esse documento não teve nenhuma credibilidade na época, tanto que foi arquivado com o caráter de secreto apenas porque se temia que pudesse causar algum dano ao candidato da oposição, o Lula", afirmou Torres.