Para economista, atual modelo do CMN fere a democracia

15/03/2005 - 18h22

São Paulo, 15/3/2005 (Agência Brasil - ABr) - Da forma como está constituído, o Conselho Monetário Nacional (CMN) deixa de cumprir os princípios da democracia. A opinião é do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ele participou do ato em favor da mudança na composição do conselho e acrescentou: "Não se pode permitir que esses órgãos técnicos, numa democracia, adquiram vida própria e exerçam o poder em seu próprio nome, porque não têm legitimidade." Na avaliação de Belluzzo, não pode haver autonomia sem a prestação de contas aos poderes eleitos, que são o presidente da República e o Congresso Nacional.

Sobre a proposta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e Confederação Nacional da Indústria (CNI), Belluzzo disse que ela segue a mesma metodologia adotada pelo Banco Central da Alemanha, onde as decisões são tomadas sob uma espécie de "arranjo social".

Por esse critério, explicou, há um compromisso entre as lideranças empresariais e sindicais, e representantes do governo, sobre as razões para que não se promova alta na taxa de juros. "Eles se auto-disciplinam e o Banco Central não precisa ser tão rigoroso na definição da política monetária. Essa é a lógica deles", salientou.

Segundo Belluzzo, no Federal Reserve, o banco central norte-americano, estão representados os bancos regionais, dada a diversidade produtiva. E nas reuniões, cada região participa das análises com um porta-voz.