Reforma ministerial deve dar espaço aos partidos que apóiam o governo, diz Rebelo

11/03/2005 - 18h51

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - "Não faz sentido um partido apoiar o governo sem participar do governo", afirmou hoje o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, justificando a necessidade de uma reforma ministerial. Rebelo disse ainda que o PT não tem maioria no Legislativo e que a governabilidade do país depende de uma ampla composição partidária. "O que motiva as reformas ministeriais é dar representatividade dentro do governo aos partidos que dão sustentação política ao governo", declarou em São Paulo, após participar de encontro na Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos.

A necessidade de dar maior espaço aos partidos da base aliada foi explicada pelo ministro na ponta do lápis. Segundo Rebelo, somados os deputados do PT e dos partidos de esquerda ligados ao PT, como PCdoB e PSB, o governo conta com 120 deputados na Câmara dos Deputados. "Muito longe do quorum qualificado, de 257 deputados, e mais distante ainda do quorum de alteração constitucional, de 308 deputados", disse Rebelo.

O ministro reforçou a tese de necessidade de composição lembrando que nas últimas eleições nenhum partido político obteve 20% dos votos brasileiros. "Isso é quase um clamor do eleitor por uma composição ampla para dar sustentabilidade ao país", afirmou. Rebelo usou como exemplo o estado de São Paulo, onde a composição que assegura governabilidade ao governador Geraldo Alckmin, do PSDB, é pluripartidária. "Partidos que são base do governo na esfera federal são base do governo no estado de São Paulo, mesmo sendo o governador de um partido de oposição. Isso não representa nenhuma anomalia".

Segundo Rebelo, a heterogeneidade política e institucional do país não pode ser desprezada. "Nosso país fragmentado entre interesses econômicos, sociais, políticos e partidários dispersos apenas nos conduz a dificuldades na superação de impasses ao nosso desenvolvimento e à fragilização de nossos interesses nos organismos internacionais", concluiu.