Norma Nery
Repórter da Agência Brasil
Rio - O secretário de Saúde do Rio de Janeiro, Ronaldo Cezar Coelho, acredita que as negociações com o Ministério da Saúde (MS), para resolver a crise do setor na cidade, continuarão, apesar dos representantes do órgão terem anunciado ontem (9), no Rio, que acabaram as chances de se firmar um acordo, após um mês e meio de tentativa de entendimento.
O secretário atribuiu a decisão "a uma estafa do negociador que não conhece o Rio de Janeiro, que está sob forte pressão porque o Planalto e ministério querem que ele resolva a questão, o que não pode ser feito em 15 dias". Cezar Coelho disse que está tudo errado, porque essa posição depende de procedimentos legais e, apesar do ministério querer rever a situação, é o presidente Lula quem toma essa decisão.
Na opinião do secretário houve uma precipitação do diretor do departamento de Atenção Especializada do ministério, Arthur Chioro, ao fazer o anúncio, mas assegurou que "o sinal que tenho de Brasília, é de ducha fria. Vamos sentar para conversar porque já tínhamos resolvido 21 pontos e discordamos em apenas um, com relação ao hospital do Andaraí".
Para Cezar Coelho, muita água ainda vai rolar, mas se está próximo de fechar um acordo bom para a população do Rio. Mas, para ele, o acordo não é o ideal, "porque eles nos devem R$ 191 milhões e querem me pagar R$ 135 milhões em três anos". O secretário disse que o que está combinado é o recebimento de R$ 46 milhões em dinheiro e o restante em obras na rede pública. "Só que eles querem decidir as obras e carimbar o dinheiro botando placas, mas o recurso é da prefeitura porque eles nos devem R$ 135 milhões da reposição dos servidores federais que se aposentaram e foram embora. Tanto é verdade que eles admitiram pagar R$ 46 milhões mais R$ 89 em dois anos".
O secretário explicou que aceitou tudo isso, até receber valor menor do que o devido, mas o impasse foi criado na hora do custeio. A proposta dos negociadores, segundo ele, foi de transferência de dois hospitais, mas ele propôs três unidades porque o Rio tem um grande atendimento de casos de câncer pelo SUS, que abrange o Rio, a Zona da Mata de Minas Gerais e Espírito Santo.
Cezar Coelho disse que o ministério não quer aumentar o custeio para não abrir um precedente, já que Pernambuco também reivindica aumento. Assim, "eles evoluíram para a proposta de devolução dos hospitais que jamais foi minha, mas seria interessante somar procedimentos de alta complexidade em três hospitais, juntando o Instituto do Câncer, O Instituto de Traumaortopedia e o Instituto de Cardiologia", afirma o secretário.
Ele disse que está aberto a novas negociações e basta ser convidado para participar das reuniões.