Chanceleres do Brasil, Índia e África do Sul articulam criação de conselho de negócios no G-3

10/03/2005 - 19h24

Juliana Cézar Nunes
Enviado especial

Cidade do Cabo (África do Sul) - Os ministros das Relações Exteriores do Brasil, Índia e África do Sul voltaram a se encontrar nesta quinta-feira (10), quase um ano depois do 2º Fórum de Diálogo Trilateral. Os ministros passaram o dia em reuniões no centro de convenções na Cidade do Cabo. Nos bastidores, costuraram a criação do conselho de negócios entre empresários dos três países - grupo conhecido como G-3. Em assembléia, renovaram o compromisso de dar continuidade ao grupo.

A ministra da África do Sul, Dlamini Zuma, foi a primeira a discursar no encontro das delegações. Em uma apresentação breve, ela defendeu a importância dos três países continuarem juntos. "Não só na reforma das Nações Unidas, mas na criação de um sistema mais justo em todos os sentidos", ressaltou Zuma. "Internamente, para a integração do grupo, temos que consolidar as nossas relações comerciais."

O ministro Celso Amorim avaliou, em seguida, como positivos os avanços conquistados até agora pelo grupo, mas indicou novos caminhos. Entre eles, a inclusão da cultura como campo de cooperação, item não previsto claramente nas reuniões anteriores. No campo econômico, o chanceler apontou o Mercosul como um possível parceiro.

"Na área política temos avançado muito. Fico satisfeito com a posição da África do Sul em relação à reforma da ONU e o apoio dado às campanhas contra a fome do presidente Lula", lembrou Amorim. "Temos pela frente várias questões ainda para enfrentar. Na área de cooperação, um importante passo foi dado hoje, com a criação do conselho de negócios."

O chanceler da Índia, Kanwar Natwar Singh, lembrou que o mais importante no G-3 não são os números em termos de cooperação econômica ou até mesmo política. "Se fosse assim, a nossa população já seria um ótimo indicador", brincou Singh. "A reforma da ONU e de outras instituições econômicas não é mais só um desejo, mas um imperativo. A ONU precisa se reorganizar, incluir a pobreza na sua agenda. A África tem 54 países, como pode não ser representativa?"

O próximo Fórum de Diálogo será no Brasil em 2006. Até lá, governo e iniciativa privada terão um espaço privilegiado para agendar as discussões. Desde o primeiro Fórum, em Brasília, três etapas de trabalho foram estabelecidas. A primeira delas, a articulação política, vem acontecendo intensamente. A segunda etapa de cooperação já apresenta alguns avanços, como na área tecnológica, com a união dos países na defesa do software livre. A terceira começa agora e a integração na área de negócios é a nova aposta do G-3.