Brasília, 8/3/2005 (Agência Brasil - ABr) - Representantes do Movimento Maria Cláudia, unidos a integrantes do Comitê Nacional de Vítimas da Violência, realizaram hoje um ato público em favor da paz diante do Congresso Nacional. O Movimento, que leva o nome da estudante brasiliense assassinada em dezembro passado em sua própria casa, foi responsável pela entrega aos senadores de um documento com propostas de debate para a redução da violência no Brasil.
"Os pontos fundamentais do documento são o pedido de não-revogação dos crimes hediondos e a sugestão para que o Senado crie uma agenda aberta possibilitando o debate sobre violência durante todo o ano", explicou o advogado Lucas Ribeiro, vinculado ao Movimento Maria Cláudia. Ele informou que pelo atual Código Penal o acusado de algum crime hediondo cumpre toda a pena em regime fechado. E se a revogação chegar a ser aprovada, os cidadãos detidos por esse tipo de crime poderiam cumprir parte da pena em regime semi-aberto e aberto.
"Os advogados até entendem que a forma como esses criminosos são tratados pela Justiça não é a melhor maneira de lidar com eles. Mas, como o nosso sistema carcerário não está preparado para ressocializar os criminosos, a gente não vê sentido que esse crime seja revogado e que eles voltem para a rua sem uma política adequada de reinserção", concluiu Ribeiro.
Para Valéria Velasco, cujo filho foi assassinado em 1993, em Brasília, "a impunidade estimula a violência e nós temos que acabar com a impunidade, mostrar qual é o verdadeiro valor da vida, penalizando de forma coerente quem tira a vida de outras pessoas".
Durante a manifestação, foram soltos 250 pombos do alto de uma instalação provisória feita pelo artista plástico Siron Franco. Com um minuto de silêncio, foram homenageadas vítimas da violência no Brasil, como os jovens Marco Antônio Velasco, João Cláudio, Ana Lídia e Maria Cláudia, e a missionária Dorothy Stang, assassinada em Anapu (PA). "O que nós queremos é que o nosso drama represente, pelo menos, a possibilidade de tantos outros casos potenciais não acontecerem mais. Nós queremos que haja uma cultura de paz, que o Estado assuma sua participação e que a sociedade seja, cada vez mais, parceira do Estado", disse o pai de Maria Cláudia, Marco Antônio Del’Ísola.