Fabricantes de materiais de construção apostam em crescimento do setor

08/03/2005 - 18h13

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Para combater o déficit habitacional, calculado em cerca de 7 milhões de moradias, o Brasil precisaria dobrar o volume médio anual de construções financiadas, que atualmente está em 1,1 milhão. O cálculo é do diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Roberto Zullino. Para ele, o setor da construção civil só não tem crescido mais por falta de mecanismos de crédito.

Zullino acredita que as novas medidas de estímulo ao setor, como a obrigatoriedade do sistema financeiro de aplicar 65% do saldo das cadernetas de poupança em habitação, deverão trazer reflexos de crescimento ainda neste ano. Mesmo assim, ele estima que haverá uma expansão em ritmo mais brando do que no ano passado. "Queremos acreditar que seremos capazes de crescer 3,8%, mas trabalharemos para superar essa meta", afirmou.

Em 2004, a construção civil cresceu 5,9%, percentual superior ao do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), de 5,2%. A indústria de materiais de construção registrou alta de 4,1% nas vendas ao mercado interno e de 1,1% para o externo em relação a 2003.

Roberto Zullino enfatizou que desvalorização do dólar está levando os empresários do setor a voltar suas ações para o mercado interno, em particular na venda de materiais para construção e reformas domésticas. Para aumentar a oferta de crédito barato, o setor pensa em atuar junto a governos estaduais para a adoção do cheque moradia. Por meio dele, a população de baixa renda consegue comprar os materiais a preços subsidiados. O empresário concede o desconto no valor da mercadoria e abate a quantia correspondente na hora de quitar impostos como o ICMS (sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e IPI (sobre Produtos Industrializados).

O modelo já é adotado nos estados de Goiás, Santa Catarina, Tocantins, Pará e Pernambuco. Outra alternativa é a aliança entre empresas e bancos privados para oferecer ao consumidor crédito pré-aprovado em sua conta corrente para financiar a compra de materiais, com juros mais baixos.