Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – A decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), sobre a representação do PSDB contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi adiada. Severino disse que, em virtude da sua agenda, ainda não analisou a representação. "Eu não vou resolver nada agora, na bucha. Tem muito tempo para resolver", disse. Pela manhã, o deputado comentou que resolveria o tema ainda nesta quarta-feira.
O presidente da Câmara revelou que vai solicitar à assessoria jurídica da Casa parecer sobre a denúncia do PSDB contra o presidente da República. Depois disso, garantiu que ainda vai ouvir as duas partes envolvidas: o presidente Lula e o autor da denúncia, o deputado Alberto Goldmann (PSDB-SP).
O ministro de Coordenação Política, Aldo Rebelo, disse que Severino Cavalcanti deve emitir o seu parecer "no momento que julgar adequado" por se tratar de uma decisão pessoal. O argumento do governo federal sobre o caso, segundo o ministro, vai estar de acordo com o que for questionado pelo presidente da Câmara. "O presidente Severino ele ouve quem ele desejar, quem ele julga importante. É um direito do presidente da Câmara. Nós vivemos em uma democracia", disse.
Na avaliação de Aldo Rebelo, a democracia pressupõe a existência de conflitos entre o governo e a oposição. "E nesse conflito, nem sempre as regras são seguidas. O lógico é que fosse o jogo entre dois times, mas há faltas, há jogadas que não são bonitas, e isso a opinião pública tem que julgar", enfatizou Rebelo.
Na semana passada, o deputado Alberto Goldman protocolou denúncia com o objetivo de instaurar na Câmara dos Deputados processo contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por crime de responsabilidade. No documento, Goldman cita trechos do discurso feito pelo presidente em visita às obras da Estação Fazenda Alegre, no Espirito Santo.
No discurso, o presidente Lula revelou conversa que teve, no ínicio de seu mandato, com um "alto companheiro" de uma instituição pública sobre a existência de corrupção no governo anterior. Lula relatou ter pedido a seu interlocutor que não tratasse publicamente dessas informações.
O autor da ação pede que sejam arroladas como testemunas o ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa; a ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff; o presidente da Petrobrás, Eduardo Dutra; o senador Francisco Pereira (ES); e o prefeito de Vitória, João Coser.