Ministro diz que corte orçamentário afeta planejamento, mas não as realizações culturais

02/03/2005 - 16h01

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - O corte no orçamento do ministério da Cultura levará a pasta a replanejar suas ações, mas não deverá ter impacto sobre a produção cultural, pois "não é destinado à realização de cultura no país". A informação é do ministro da Cultura, Gilberto Gil, em entrevista após participar de painel no encerramento do 14º Congresso Latino-Americano e Caribenho (Clae) da União Nacional dos Estudantes (UNE). Gil destacou que "a cultura é feita pelo povo, pelas pessoas e instituições culturais, pelo encontro natural entre as pessoas".

O que se faz no ministério, segundo Gil, é a gestão das relações e mecanismos importantes para o relacionamento entre os produtores de cultura. "Em alguns casos, as instituições oficiais de governo, em uma parcela muito pequena, fazem investimentos em aparelhos e ações culturais", explicou. O ministro comentou que o corte no orçamento dificulta especialmente o planejamento. "Nós projetamos um conjunto de ações em função de ‘x’ que teremos para gastar e quando deixamos de ter ‘x’, teremos ‘x’ dividido por dois e temos que replanejar as ações e evidentemente tudo o que se ia fazer fica pela metade".

Na opinião de Gilberto Gil, todos os ministros devem aprender a conviver com cortes no orçamento de suas pastas e, quando isso ocorre, fazer metade do que iria fazer. Ele ressalvou que há uma promessa do Ministério da Fazenda de restituir esse corte ao longo do ano, à medida que a receita corresponda às expectativas do governo. "Esperamos que isso seja feito, porque dessa maneira a sociedade brasileira terá mais recursos para que a gestão do ministério se faça de forma menos difícil do que já é, com o pequeno orçamento que já tem".

O ministro manifestou descontentamento com algumas publicações, que não nominou, por "manipularem" declarações dele a fim de "temperar" as pautas. "Essa irresponsabilidade jornalística me aborrece, me chateia e eu quero registrar isso", disse Gil. Acrescentou que ontem (1º) mesmo teve o cuidado de dizer que não se queixou dos cortes no orçamento do ministério, mas a imprensa publicou o fato como mais convinha a seus propósitos editoriais: "Eu não gosto disso e acho isso uma imoralidade".