Fiesp pede regulamentação do comércio com a China

02/03/2005 - 18h07

Pedro Z. Malavolta
Da Agência Brasil

São Paulo - O presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), embaixador Rubens Barbosa, voltou a criticar a decisão do governo federal de considerar a China como uma economia de mercado e cobrou uma regulamentação das relações comerciais do Brasil com esse país. Barbosa anunciou que a entidade está criando um setor para auxiliar os empresários a se proteger de práticas ilegais de comércio praticadas pela China.

O embaixador participou nesta quarta-feira, em São Paulo, do seminário A Emergência da China: Oportunidades e Desafios para o Brasil, organizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e Conselho Empresarial Brasil-China.

Rubens Barbosa relembrou a posição contrária da Fiesp ao reconhecimento do governo. "Somos contra por dois motivos principais: primeiro, porque não fomos consultados em um assunto dessa magnitude, e segundo, porque o acordo não é eqüitativo", declarou. Segundo ele, o acordo define a China como economia de mercado e depois tem sete cláusulas, "como que barganhas", que não foram cumpridas na sua maioria.

Para o embaixador, a China não pode ser considerada uma economia de mercado porque o Estado desempenha um papel fundamental no seu planejamento e organização. "Pode até estar em transição para uma economia de mercado, mas ainda não é", avalia. Na opinião dele, antes desse reconhecimento o País poderia definir salvaguardas para qualquer suspeita de irregularidade praticada pela China, como a venda de produtos abaixo do custo de produção para quebrar os concorrentes. Agora, para exigir compensações ou realizar aumentos de tarifas ou incluir cotas, o Brasil precisa de autorização da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Isso vai fazer os processos demorarem muito mais", criticou.

De acordo com o embaixador, as importações brasileiras da China aumentarão ainda mais. "Os dados da Fiesp apontam um crescimento dessas importações, por causa da valorização do real, que fez com que de um superávit nós passássemos para um déficit no setor industrial", comentou. Segundo Barbosa, a Argentina já regulamentou suas relações com a China "e eles assinaram o acordo com a China no dia seguinte ao do Brasil". O embaixador disse esperar que o setor privado brasileiro também participe da regulamentação aqui.