Deputados vão denunciar ao Ministério Público situação de hospitais estaduais do Rio

02/03/2005 - 20h12

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil

Rio - A Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro vai entregar um relatório ao Ministério Público, informando sobre a precária situação dos hospitais estaduais vistoriados pelos deputados. Segundo o presidente da Comissão, Paulo Pinheiro (PT), hospitais municipais e federais também devem ser vistoriados nos próximos dias. Pinheiro afirmou, depois de uma vistoria no Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião, que a situação da unidade é "grave".

Segundo o deputado, "inicialmente, o hospital tinha 120 leitos; depois, pelas dificuldades, o número foi reduzido para 50 e, agora, apenas 22 pacientes estão sendo atendidos no hospital". O parlamentar também citou a condição da unidade de emergência. "Além disso, apenas quatro leitos do CTI podem ser utilizados, todos os equipamentos ligados estão queimando, porque a rede elétrica não funciona, e o tomógrafo não pode ser instalado porque não tem rede elétrica suficiente", diz.

Desde a última vistoria da Comissão, há cerca de 90 dias, - disse Paulo Pinheiro - nenhuma medida foi tomada para melhorar as condições do hospital, localizado na zona portuária: "As obras elétricas e hidráulicas nem começaram. Não é possível que, em 90 dias, o governo do estado não tenha iniciado as obras. As reformas pedidas para o laboratório, CTI, emergência, rede elétrica, cozinha, telhado e estação de esgoto não foram realizadas até agora. E a promessa de obras foi feita em novembro de 2004".

De acordo com Paulo Pinheiro, os médicos já se reuniram e disseram que se não houver melhorias, eles poderão fechar, inclusive, os setores que hoje estão funcionando: "Os médicos e funcionários resolveram que a paciência deles acabou. Eles não podem mais trabalhar nas condições graves que estão enfrentando hoje".

A Empresa de Obras Públicas do Estado (Emop) informou que está elaborando o projeto e o orçamento para a reforma de dois pavilhões, onde estão situados os CTIs adulto e infantil. O projeto também contemplaria a reforma da subestação de energia e da portaria.

A Comissão da Alerj também visitou o Hospital Estadual Albert Schweitzer, na Zona Oeste da cidade, onde a situação também é complicada na unidade, diz Paulo Pinheiro: "É um hospital de emergência, que tem 150 leitos fechados, não tem CTI – o que é um absurdo –, está em uma obra que já demora mais de quatro anos e não tem tomógrafo porque não tem instalações para isso. E ainda tem uma fila de mais de 50 pessoas no Raio-X e 19 pessoas largadas em macas na Emergência, porque não conseguem se internar nas enfermarias".

Com relação ao Albert Schweitzer, a Secretaria Estadual de Saúde informou que as obras foram paralisadas em 2002 e só foram retomadas em 2003. A demora nas reformas seria explicada pela grande dimensão do hospital e porque as obras devem ser feitas com a unidade funcionando, já que não há como interditar um hospital que é referência para muitas pessoas. O tomógrafo ainda não foi instalado porque a sala está sendo preparada e a construção da CTI está prevista no cronograma das obras.

O secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Jorge Solla, segue nesta quinta-feira para o Rio de Janeiro, onde vai apresentar ao Ministério Público e à Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa as propostas do governo federal para a prefeitura.