Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Depois de um dia de intensas negociações, o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), colocou em discussão o projeto de Lei de Biossegurança, que regulamenta o plantio de sementes transgênicas e as pesquisas com células-tronco no país.
Antes, os deputados aprovaram a Medida Provisória 226, que cria o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado. A MP estava trancando a pauta de votações de Câmara, e a sua aprovação abriu caminho para a votação da Lei de Biossegurança. A medida provisória segue agora para votação no Senado Federal.
Severino Cavalcanti reuniu-se hoje com os ministros da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, e da Agricultura, Roberto Rodrigues, para discutir a votação do projeto de lei. Cavalcanti também recebeu representantes do Movimento em Prol da Vida (Movitae), o médico Drauzio Varella e a cientista Mayana Zatz, todos favoráveis às pesquisas com células-tronco embrionárias.
O presidente da Câmara havia assumido ontem o compromisso de colocar a matéria em votação, mesmo sem defender as pesquisas com células embrionárias. Hoje, a deputada estadual de Pernambuco Ana Cavalcanti (PP), filha do presidente da Câmara, fez um apelo para que o pai não dificultasse a aprovação das pesquisas. "Como religiosos que somos, eu disse ao meu pai que era importante aprovar a biossegurança para salvar vidas. Eu disse que só voltaria a Pernambuco depois de ver o projeto aprovado", afirmou a deputada.
Ana Cavalcanti disse que, depois da votação, vai pedir desculpas ao Vaticano por ter apoiado a utlização de células embrionárias para fins terapêuticos. A Igreja Católica é contrária às pesquisas por considerar que os embriões são vidas que não podem ser descartadas. Ana Cavalcanti afirmou ainda que, por ser terapeuta há mais de 20 anos, tem acompanhado o drama vivido por pais e mães de crianças que sofrem com doenças degenerativas. A deputada não revelou se Severino Cavalcanti votará favoravelmente ao projeto de lei, mas disse que "ele ficou sensibilizado".