Superintendente do Incra em PE atribui conflitos à falta de ordenamento territorial

17/02/2005 - 20h11

Débora Barbosa
Da Agência Brasil

Brasília - A superintende do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Pernambuco, Maria de Oliveira, afirmou hoje que o Governo Federal passa por dificuldades no que diz respeito à grilagem de terras e à questão do narcotráfico na região. Segundo ela, a falta de ordenamento territorial contribui para isso. "É uma deficiência na nação brasileira. Não há reconhecimento dos territórios e das riquezas das áreas que não devem ser destinadas, mas que devem ser preservadas", disse, em entrevista à Rádio Nacional.

Maria de Oliveira lembrou o caso da BR-163, que liga Mato Grosso ao Pará: "Todos os impedimentos foram feitos justamente pelo poder paralelo, que é contraditório: não quer ver a situação resolvida porque assim estaria identificando os ocupantes irregulares de terra, os ladrões das madeiras e das riquezas".

Na quarta-feira (23), a superintendente do Incra se reunirá com o Ouvidor Agrário Nacional, Gercino Silva, a fim de pedir oficialmente o apoio logístico, estratégico e de inteligência de tropas do Exército para atuar no estado de Pernambuco. O objetivo é reduzir a ocorrência de conflitos agrários. O último desses conflitos, no dia 5, deixou um policial morto e outro torturado. O terceiro conseguiu fugir. A polícia procurava suspeitos de roubo de carga no município de Quipapá, na Mata Sul. Seis dos acusados já foram presos.

De acordo com a Maria de Oliveira, a presença do Exército vai contribuir para solucionar a crise instalada no campo. "O problema de reforma agrária é conflituoso, mas a violência é o que nos preocupa e nos prejudica dentro da execução do programa. Por isso estamos pedindo uma ajuda, uma forma de reforçar a capacidade no estado, para que a gente possa então combater a violência aqui instalada".

A superintendente não descartou a possibilidade de ocorrerem mais conflitos e mortes no estado: "É uma situação extremamente delicada aqui em Pernambuco. Nós sabemos que isso está ligado ao tráfico de influências, o pior mal da nação brasileira, que são os mandantes, assim como o tráfico de armas e o de drogas".