Incra fará vistoria em 25 propriedades de Anapu para retormar áreas desapropriadas

17/02/2005 - 16h48

Lílian de Macedo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) iniciará, na próxima quinta-feira, uma vistoria em 25 propriedades no município de Anapu, no Pará, onde foi morta a freira Dorothy Stang, no último sábado. De acordo com o superintendente do instituto no Estado, Inocêncio Gasparin, o objetivo é retomar áreas que já foram desapropriadas.

"Estaremos tentando retomar as PDS (Projetos de Desenvolvimento Sustentável). São locais que estão irregulares ou que foram grilados. Se, por ventura, existir alguma propriedade que está legalizada e que cumpriu todas as cláusulas dos contratos anteriores, o governo vai propor a indenização, como de praxe", conta.

A afirmação foi feita hoje, após o encontro entre Gasparin e o presidente do Incra, Rolf Hackbart, , na sede do instituto. De acordo com o superintendente, a reunião tratou de "questões normais de trabalho". Segundo Gasparin, o laudo técnico será feito por um comitê estadual. Ao todo, cinco equipes farão a vistoria no município e a força-tarefa fará uma reunião amanhã, às dez horas, em Belém, onde será esquematizado um esquema de proteção para as equipes.

De acordo com o superintendente, Exército, Polícia Federal e Polícia Militar serão responsáveis pela segurança de agentes do Incra, Ibama e do Departamento de Relações do Trabalho (DRT). Ele garante que o Exército permancerá na região após o fim das vistorias.

Essa mobilização teve início após o assassinato da missionária Dorothy Stang.. Para Gasparin, o crime só ocorreu porque o governo está tomando a iniciativa da reforma agrária: "Este governo tomou a decisão de iniciar o processo. Todas as áreas que o Incra já tinha retomado na justiça, nós perdemos novamente. Mas estamos conversando com o juiz para ver se os novos elementos garantem que o Incra retome estas áreas".

Segundo o superintendente, a prática da grilagem também foi responsável pela morte de Dorothy. "A situação fica mais delicada porque ninguém trabalha ou planta, poissabe que vai perder investimentos feitos de forma regular", analisa.

Mesmo com toda a tensão na área, os assentamentos continuam. Gasparin afirma que, até o final deste ano, cerca de 400 famílias receberão terras desapropriadas. "Se os processos na justiça avançarem, poderemos assentar até mil famílias", prevê. Por enquanto, 317 pessoas estão nesta situação.