CUT propõe que empresários e trabalhadores participem do Conselho Monetário

17/02/2005 - 16h42

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, defendeu hoje a participação de trabalhadores e empresários no Conselho Monetário Nacional. "Precisamos incluir a visão do mundo da produção, do trabalho", afirmou em entrevista coletiva na sede da CUT, em São Paulo. Os constantes aumentos da taxa básica de juros motivaram a central sindical a lançar uma campanha para ampliação do conselho.

"Não creio que não tenhamos pessoas na sociedade capazes de participar e, com os dados disponíveis fazer uma análise ampla e global da economia brasileira para sugerir o modelo a ser conduzido na política econômica", disse Marinho.

Nos próximos 15 dias, a CUT organizará um encontro para debater o proposta com empresários, centrais sindicais, intelectuais. Desse encontro, sairá uma carta resolução que será encaminhada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reivindicando oficialmente a ampliação do Conselho Monetário Nacional com novas diretrizes. "Nós vamos pensar a proposta concreta, o tamanho desse conselho, quais os setores que deveriam participar", antecipou.

Marinho enfatizou que a CUT tem se posicionado contra a política do governo em fixar uma única meta para controle da inflação. "A meta fixa e o aumento constante dos juros levam ao endividamento. Aumenta o endividamento público e aumenta a valorização do real perante o dólar, o que pode derrubar as exportações brasileiras", afirmou. A conclusão da CUT é que o Banco Central deve estabelecer novas metas. "Tem de existir a meta do aumento da renda, do emprego, do crescimento. É preciso negociar essa questão". Marinho ressaltou que a CUT não acha que a inflação deve deixar de ser controlada, já que os trabalhadores são os principais interessados no controle da inflação, porque são os que mais perdem.

Segundo ele, o que há é "uma contradição no tão anunciado crescimento da economia": de um lado, há aumento de juros para segurar o consumo e a inflação; de outro, existe concessão de créditos dirigidos, mais baratos, por meio de descontos em folha, o que facilita a retomada do consumo. "Há aumento dos juros para combater o mesmo efeito sugerido pelo aumento do crédito. Isso é um absurdo. É contraditório", enfatizou. "Não podemos ficar assistindo".