Produção industrial pode crescer menos em 2005, alerta pesquisador da Unicamp

11/02/2005 - 18h33

Pedro Z. Malavolta
Da Agência Brasil

São Paulo - O crescimento de 8,3% da produção industrial brasileira em 2004, anunciado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não deverá se repetir em 2005, na avaliação do pesquisador Cláudio Amitramo, do Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Mas o resultado poderá ser maior do que o esperado, garante o pesquisador.

Amitramo explica que o aumento da produção em dezembro – de 0,6% em relação a novembro – é "um bom sinal, porque reverte a tendência de baixa". Desde setembro, o índice de produção industrial apurado pelo IBGE vinha desacelerando seu ritmo de crescimento. O pesquisador ressalta, no entanto, que é preciso cautela na análise dos números de dezembro: "Resta saber se esse índice não foi um dado extraordinário e se ele vai se repetir."

Para Amitramo, o crescimento da produção industrial ao longo de 2005 dependerá de três fatores: política cambial, política de juros e expectativa dos empresários. "Essa expectativa ainda é relativamente favorável, mas dependendo das taxas de câmbio e de juros, deverá se alterar", ressalta. O pesquisador disse acreditar que se o dólar continuar a se desvalorizar em relação ao Real, as exportações – sobretudo as industriais – poderão desacelerar a partir do segundo semestre. As taxas de juros, acrescenta, deverão influenciar diretamente as duas categorias industriais que mais cresceram em 2004: bens de consumo duráveis, como carros e geladeiras, com alta de 21,8%, e bens de capital, que servem para fabricar outros produtos, com 19,7%.

O pesquisador disse ver problemas na possibilidade de se atrelar a taxa básica de juros (Selic) às taxas para pessoas físicas, como a Taxa de Juros a Longo Prazo (TJLP), utilizada pelos industriais. E explicou: "Se a TJLP acompanhar a tendência de alta da taxa Selic, isso afetará principalmente a produção de bens de capital. No caso de bens duráveis, o raciocínio é parecido. Se a taxa de juros para pessoas físicas for mais restritiva, assim como tem sido a política monetária do governo, isso certamente afetará a produção."